Durante o festival Queer Lisboa João Lopes, crítico de cinema e co-autor do blogue Sound + Vision, escreve para O Sétimo Continente "7 memórias queer". Muito obrigado por esta valiosa colaboração.
1953 – OS HOMENS PREFEREM AS LOURAS, de Howard Hawks
A loura era Marilyn Monroe, como sabemos (e como Madonna, hélas!, nos recordou, através do incontornável teledisco de Material Girl, lançado em 1985). Mas importa não esquecer a morena, Jane Russell, afinal a personagem realista desta vertiginosa comédia dos sexos. Que sexos? Pois bem: o “masculino”, o “feminino” e... os outros. Afinal de contas, Hawks já contava na sua admirável filmografia com saborosos antecedentes como Duas Feras (1938), O Rio Vermelho (1948) e A Culpa Foi do Macaco (1952). Numa cena emblemática, e de emblemática ambiguidade, Russell cantava uma canção de suave e muito romântica demanda amorosa, devidamente intitulada Ain't there anyone here for love? (Hoagy Carmichael / Harold Adamson), surgindo a sua deambulação sensual devidamente enquadrada por uma sereníssima iconografia gay, tão festiva quanto… natural. Moral da história: é sempre bom regressarmos à idade da inocência de Hollywood, antes das perversões do digital.
João Lopes
Sem comentários:
Enviar um comentário