Decorreu ontem a gala de abertura da 15.ª edição do Queer Lisboa, na sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge. Depois dos teasers da peça de teatro Silenciados (encenada por Gustavo Del Río), que anteviu uma utilização desadequada da música e das imagens projectadas, seguiram-se os discursos esperados de figuras como Albino Cunha, presidente da Associação Janela Indiscreta que organiza o festival de cinema, João Ferreira, director artístico do Queer Lisboa, Ana David, também da direcção do festival e a actriz Beatriz Batarda, que integra o júri da secção competitiva do prémio para longa-metragem. Subiram ao palco outras figuras como Albano Jerónimo, Claudia Mauti, Franck Finance-Madureira, Nuno Galopim ou João Lopes.
Por fim, o filme da noite. “Uivo” é, simultaneamente, o título desta longa-metragem de Rob Epstein e Jeffrey Friedman e do poema (escrito em 1955) que celebrizou para a posterioridade, pela controvérsia e processo judicial provocados pela sua acusada obscenidade, Allen Ginsberg (interpretado por um talentoso James Franco que declara, uma vez mais, o seu gosto por personagens outsiders).
Há, infelizmente, algo em “Uivo” (filme) que falha profundamente ao tentar representar a liberdade de “Uivo” (poema). Entre os planos simples (mas demonstradores de uma extraordinária representação) de James Franco a declamar a criação do poeta da geração beat na Six Gallery (São Francisco) e as sequências animadas surrealistas que acompanham grande parte da recitação preferimos os primeiros – muito simplesmente porque a utilização do desenho pareceu demasiado impositivo e anulador de uma interpretação mais livre do espectador.
Não obstante as opções profundamente desapropriadas da fotografia e variações da saturação e os momentos com grande quebra de ritmo há instantes, sobretudo na segunda parte do filme, merecedores de atenção, quer nas cenas de tribunal como de declamação de “Uivo” (diz-nos João Lopes, no Sound + Vision, que “a obscenidade de que Ginsberg foi acusado deu lugar à "maquinaria da noite", abrindo as vias misteriosas e universais do sagrado”, signo com o qual nos despedimos de “Uivo”).
O filme estreia nas salas de cinema UCI no dia 22 deste mês.
Depois do “Uivo”, a festa no foyer do piso superior do cinema São Jorge. Com um bar aberto patrocinado pela Absolut Vodka e pela Jameson, os convidados puderam conviver acompanhados da música do DJ António Almada Guerra.
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