Começou na literatura, passou pelo teatro mas foi pelo cinema que ganhou maior notoriedade como autor. O seu nome não nos é estranho e prepara-se para lançar em Portugal, no próximo dia 29 de Setembro, a sua mais recente longa-metragem, Os Bem Amados (que passou pelo último Festival de Cannes).
Christophe Honoré, colaborou em 1995 em Paris para a Cahiers du Cinéma, tendo mais tarde começado por realizar a curta-metragem Nous Deux e a longa 17 fois Cécile Cassard, seguida da adaptação do seu livro, Tout contre Léo, para um telefilme dramático que nos apresenta um filho que revela à família ser seropositivo.
Apesar do relativo sucesso com este filme, foi com Minha Mãe, baseado num romance do francês Georges Bataille, que Honoré passou a andar nas bocas do mundo e a ser conotado como uma das figuras do movimento que então se reconhecia como o novo cinema francês extremista. Ma Mère (no seu original) introduz-nos, para além de uma espantosa interpretação de Isabelle Huppert, ao promissor Louis Garrel.
De facto, a persona de Garrel estaria posteriormente ligada à obra de Honoré que, depois do extremismo, procurou a plenitude na plácida capital francesa, filmando os extraordinários Em Paris e As Canções de Amor, musicais (um menos que o outro) que revitalizam a busca das possibilidades do amor e dos afectos entre as pessoas.
A filmografia de Christophe Honoré esteve sempre relacionada directamente ao tema do amor, tratando a relação sexual como representação natural dos sentimentos nutridos entre as suas personagens (em Homme au Bain parece tentar demonstrar, com a estrela pornográfica François Sagat a encarar um prostituto gay, como o sexo isento de amor nos aproxima de um desnorteamento existencial).
Naquele que será, provavelmente, o seu mais belo trabalho (As Canções de Amor, produzido por Paulo Branco), Honoré demonstra uma evidente herança da nouvelle vague francesa. Tratando uma relação a três, que se desmorona depois da morte de um dos parceiros, o realizador desenha as misteriosas linhas do destino das suas personagens, conduzindo-as mais tarde, como uma inevitabilidade, à redescoberta do amor. Nesta longa-metragem lançada em 2007 em Cannes (competição oficial), o autor mostrou que o amor não tem fronteiras nem nome, sendo apenas “o” objectivo de vida dos fantasmas dos seus filmes.
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