Bruce de Sainte Croix, 1976
Nascido cinco anos antes de ter eclodido a Segunda Guerra Mundial, o fotógrafo Peter Hujar, que faleceu em 1987, começou por realizar fotografia de moda e para revistas a preto e branco, em Manhattan. Mais tarde, viria a ser conhecido pelo seu registo de animais, retratos de célebres escritores e músicos (repare-se naquele que será o seu trabalho mais famoso: Candy Darling on her Deathbed, cujo título descreve perfeitamente a situação), e, também, de nus masculinos. A poderosa fotografia em cima exposta serve de exemplo para mostrar, tal como o livro Male Nudes explica, como os seus modelos raramente faziam contacto com a objectiva e, logo, com o espectador. Neste trabalho, o homem encontra-se enclausurado numa cena ao mesmo tempo erótica, íntima e narcisista, fazendo-nos também reflectir a forma como, ainda hoje em dia, olhamos os nossos próprios corpos. Bruce de Sainte Croix parece ser por isso, mais que a exibição de um lascivo voyeurismo, uma espécie de demonstração de como o pénis (erecto) permanece como símbolo final de uma ideia, tão retrógrada quanto contemporânea, de masculinidade.
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