Na consequência de um convite, várias pessoas responderam, sobre o destaque que este mês se faz a Terrence Malick, com o seu filme preferido. A todas elas os meus agradecimentos sinceros.
Se há um filme verdadeiramente pastoral na história do cinema americano, é 'Dias do Paraíso', de Terrence Malick, passado no começo do século XX, onde Nestor Almendros filma os campos de trigo a perder de vista do Midwest como se fossem uma paisagem de fartura edénica. O filme é como um quadro de Andrew Wyeth, em que natureza e figuras humanas ganharam vida.
Days of Heaven foi o primeiro filme que vi de Terrence Malick. Talvez por isso ainda hoje me recorde na perfeição de como senti o meu mundo abalado depois desta experiência. É uma visão simples a que partilho, mas é para mim um filme em que Malick retrata o ser humano tal como ele é (e, no fundo, esta possibilidade tem uma dimensão verdadeiramente assustadora) com as suas falhas e as suas diferenças, e fá-lo sem impor juízos de valor, apesar do tom de profecia que o filme acaba por adquirir no final. A contenção de diálogos e a atenção que dá às expressões faciais (e neste campo Sam Shepard faz um trabalho notável) denotam como cada pormenor neste filme foi intimamente trabalho, além de que tecnicamente é espantoso como certos acontecimentos foram possíveis de ser concretizados na altura. Days of Heaven é intensamente desconcertante na sua beleza e na sua tragédia.
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