quarta-feira, maio 25, 2011

Double Feature [1]: O Mágico e Paranoid Park

Esta publicação abre a rubrica Double Feature, um espaço de opinião regular sobre dois DVDs lançados (ou reeditados) pelas distribuidoras portuguesas. O comentário que segue dos primeiros dois discos foi publicado no dia 21 de Maio de 2011, na revista Notícias Sábado integrante do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias.

O Mágico, de Sylvain Chomet
Castello Lopes Multimédia
★★★

Criado a partir de um argumento que o espantoso Jacques Tati (1907-1982) deixou sem concretizar e utilizando a sua mais célebre personagem – Monsieur Hulot –, o realizador francês Sylvain Chomet, nomeado para os Óscares da Academia com Belleville Rendez-vous, conta-nos a história de um mágico que tenta sobreviver à ausência de protagonismo e que se empenha em deixar feliz uma pobre rapariga que conhece na Escócia e com quem estabelece um autêntico amor paternal. Desolar mas profundamente tocante, Chomet cria, com minucioso detalhe e beleza, uma das melhores animações dos últimos anos, explorando, através do silêncio, o âmago das relações humanas.




Paranoid Park, de Gus Van Sant
Atalanta Filmes
★★★

Depois de deslumbrar com a sua inovadora trilogia da morte (constituída por Gerry, Elephant e Last Days), o versátil cineasta norte-americano Gus Van Sant mostra, em Paranoid Park, um olhar sobre a adolescência no presente, que crê estar perdida. Adaptado do romance homónimo de Blake Nelson, que por sua vez invoca Dostoiévski, este objecto cinematográfico de notável singularidade formal debruça-se sobre a decadência moral e psicológica de um skater de 16 anos após ter matado acidentalmente um segurança. Montado a partir de uma narrativa não linear e experimentando uma conjugação hipnótica de músicas e ritmos distintos, o realizador atinge nesta obra um estado de graça, cujo DVD mereceu uma nova reedição que inclui um estudo sobre a obra do autor.

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