segunda-feira, maio 16, 2011

Cannes [5]: Para os irmãos Dardenne, não há duas sem três


O dia de ontem do Festival de Cannes assinou-se pela presença dos já galardoados irmãos Dardenne (com duas Palmas de Ouro – uma para «Rosetta», outra para «A Criança»), que estrearam «Le Gamim Au Vélo», acompanhados da actriz Cecile de France. A história que os irmãos franceses se propõem a nos mostrar é sobre uma criança que, vivendo num orfanato, passa os fins-de-semana a andar de bicicleta com uma dona de um cabeleireiro. No entanto, algum segredo se esconde, conduzindo para um trágico final. Em entrevista (aqui), Luc explica que «Cécile De France tem uma presença luminosa evidente. Era muito importante para o papel de Samantha, pois não se sabe porque é que ela quer tanto ajudar esse garoto. Não há psicologia». Vasco Câmara considera que se há movimento que se nota neste filme é «a abertura do cinema dos irmãos ao mainstream» e que este é «um caso de fácil adesão emocional para o espectador e por isso um caso menos memorável do que a Rosetta do homónimo e inacreditável filme dos Dardenne». João Lopes volta a discordar e diz-nos que este é «um filme assombroso que poderia (ou poderá) dar aos Dardenne a sua terceira Palma de Ouro, depois de Rosetta (1999) e A Crianca (2005).»



«The Artist», de Michel Hazanavicius, é um filme mudo a preto e branco (contemporâneo). Trata-se de um objecto raro, de uma comédia que explora o mundo do cinema nos anos 20. Sobre a escolha da estética, Michel diz na conferência de imprensa (aqui): «era uma ideia que já tinha há muito tempo. O mudo é cinema puro, e também gerou os maiores realizadores. Sabia que não queria fazer uma imitação, porque o filme mudo é mais propício ao melodrama. Vejam: Chaplin só fez melodramas, sempre com um tom cómico.»

Na secção Un Certain Regard, projectou-se «Martha Marcy May Marlene», o primeiro filme de Sean Durkin. O crítico José Vieira Mendes explica-nos que «provém do fascínio do realizador pela investigação de seitas religiosas e comunidades espalhadas pelos EUA, que não fazem mais do que manter reféns pessoas mais fragilizadas psicologicamente. O filme está centrado na história verdadeira de uma bela rapariga que acaba por se invadir de uma destas comunidades, que tem uma actividade violenta e que continua ser perseguida pelos seus membros.» Concorre para ganhar a Câmara de Ouro.

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