O Double Feature é um espaço de opinião regular sobre dois DVDs lançados (ou reeditados) pelas distribuidoras portuguesas. O comentário que segue foi publicado no dia 9 de Julho de 2011, na revista Notícias Sábado que integra o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias.
Prisvideo
★★
Se o propósito de Sofia Coppola, na sua quarta longa-metragem (depois de As Virgens Suicidas, em 1999, Lost in Translation – O Amor é um Lugar Estranho, em 2003, e de Marie-Antoinette, em 2006), foi criar um filme sobre o tédio que nada mais é senão entediante, então a realizadora foi bem sucedida. Estamos aqui, assim, perante um inquietante caso de objecto cinematográfico vazio, com personagens ocas e uma relação pai / filha mal explorada, situando-nos “algures” no universo mimado dos ricos e das celebridades do mundo do cinema. Radical e formalmente minimalista (e, por isso, desafiante), o Leão de Ouro do Festival de Veneza de 2010 é um filme intimista (parecendo relembrar a infância da cineasta, que conheceu o cinema ao lado do pai), mas intrincado e superficial.
Documentário galardoado sobre a relação entre o Nobel da Literatura Português José Saramago e a mulher Pilar Del Río, presidenta da Fundação José Saramago, durante a época em que “A Viagem do Elefante” era escrito e apresentado em público, Miguel Gonçalves Mendes estuda os dois parceiros com uma visão sobre quem são, o que pensam e a forma como encaram o amor que nutrem. Humanizante e quase doméstico, há dentro de José e Pilar uma noção transcendental sobre a ideia de complemento e união aliado ao signo trágico e demasiado próximo da morte e do fim, o que torna este filme um registo de elevada importância, mas apenas na perspectiva em que guarda para a eternidade um vislumbre daquilo que dois seres humanos sentiam um pelo outro.
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