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sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Em busca de um novo humanismo em tempos de guerra



Basta vermos os primeiros minutos de Cavalo de Guerra para nos apercebermos que, com este filme, nos encontramos no patamar das grandes produções de Hollywood que seguem, fielmente, o mais tradicional dos modelos narrativos: a fábula. E é precisamente aí que se instala a mais recente longa-metragem de Steven Spielberg (que estreia amanhã nas salas portuguesas), ele próprio já elevado ao estatuto de mito. 

O realizador norte-americano, responsável pelo menos simpático Tubarão (1975), Encontros Imediatos de Terceiro Grau (1977), E.T. – O Extraterrestre (1982), A Lista de Schindler (1993), A.I.- Inteligência Artificial (2001), recupera aqui, com a adaptação do romance homónimo de Michael Morpurgo (publicado em 1982 e que gerou, há cinco anos, uma peça de teatro), os temas e mensagens centrais da sua filmografia. 

Situando-nos numa Inglaterra que pressente o princípio da Primeira Grande Guerra, Steven Spielberg começa por tratar a relação de cúmplice amizade entre um cavalo chamado Joey e o jovem adolescente Albert (interpretado pelo estreante Jeremy Irvine), que é encarregado de o domar e treinar. A reviravolta sucede-se, contudo, quando das paisagens bucólicas inglesas somos conduzidos por Joey, que entretanto é vendido a um regimento de cavalaria, para uma França avassalada pela guerra. 

Transportando a narrativa para as mais diversas personagens e as suas pequenas histórias, a jornada do animal acaba então por assumir contornos épicos (intensificados pela banda musical assinada pela mão de John Williams e pela direção de imagem do polaco Janusz Kaminski). Infelizmente, a nossa atenção não deixará de cuidar alguns “pequenos desastres” ao longo do desenvolvimento do filme, cuja montagem faz descobrir alguns erros de raccord de luz e ambiente (vide, por exemplo, a cena em que o cavalo consegue lavrar a terra e, de repente, sem que isso seja esperado, começa a chover). O mesmo se aplica à cor e à música, por vezes desinspiradas e exageradas na sua tentativa de manipular as emoções do público.


Nomeado para seis Óscares da Academia entre os quais se incluem as categorias de melhor filme e de direção artística (ao contrário do muito esquecido As Aventuras de Tintin – O Segredo do Licorne, que venceu o Globo de Ouro de melhor filme de animação), as atenções parecem ter sido entretanto viradas para a prudência no tratamento dos 14 cavalos utilizados para encarnar o protagonista. Numa edição recente da revista Time, Bryan Walsh, que acompanhou o procedimento (que reproduz, digitalmente, o animal nas cenas mais violentas), confirma a avaliação da American Humane Association: “nenhum animal foi ferido” (seja em termos físicos ou meramente psicológicos). 

Mais que um simples filme de guerra ou de aventura (que evoca, através de travellings em grua ou simplesmente pelo conteúdo de certos planos, algumas cenas dos títulos mais exemplificativos do autor, como Indiana Jones e a Grande Cruzada ou O Resgate do Soldado Ryan), Cavalo de Guerra é um melodrama que subsiste fundamentalmente dos atores (entre os quais se encontram nomes como Emily Watson, Niels Arestrup ou Tom Hiddleston) e das relações que estabelecem entre eles e com o animal enigmático (que move montanhas para reaver Albert). 

É talvez por isso que seja particularmente fácil não gostar de Cavalo de Guerra: o seu tom ingénuo faz com que o filme seja indicado particularmente às famílias e crianças. Mas a verdade é simples e provavelmente incómoda: o filme é, na essência, um filme otimista e que acredita que a bondade humana (ainda) é possível. Recupera, assim e com invulgar coragem, uma idealização do homem moral (transmitida, precisamente, por John Ford) destruída pelo cinismo do nosso espírito contemporâneo.

(Este texto adapta um artigo publicado no Diário de Notícias -  23 de fevereiro de 2012)

quarta-feira, janeiro 25, 2012

A palavra (4): Jorge Mourinha

Os dois filmes mais nomeados para os Óscares de 2012 são sintomas. Sintomas da cinefilia de quem os fez - no caso de O Artista, Michel Hazanavicius, realizador francês vindo da televisão e cuja obra já revelava um amor pelo cinema "à maneira de"; no caso de A Invenção de Hugo, Martin Scorsese, o mais cinéfilo de todos os cineastas, fervente defensor do restauro e da divulgação da história do cinema. E sintomas da magia do cinema que os dois filmes evocam e procuram recuperar, pelo meio de uma paisagem audiovisual onde ele já não é a força cultural da primeira metade do século XX, mas está perdido pelo meio dos multiplexes, computadores, iPads e televisores.

(…) Os Óscares, assim, voltam em 2012 a ser aquilo que sempre foram: uma enorme manobra de marketing que premeia mais o sucesso (As Serviçais, Meia-Noite em Paris) ou o estatuto (Scorsese, Spielberg, Streep) do que a qualidade, que quer fazer passar o cinema que se faz numa Hollywood cada vez menos inspirada pelo único cinema que vale a pena. É por isso que é tão estranho, e tão sintomático, ver A Árvore da Vida, de Terrence Malick, entre os nove nomeados para Melhor Filme - porque Malick é o único cineasta americano contemporâneo que não quer saber de Hollywood. E o seu é o único filme que não precisa dos Óscares - são os Óscares que precisam dele.
Jorge Mourinha in Público (caderno P2, Uma magia que já não se faz), 25 de Janeiro de 2012

quinta-feira, novembro 03, 2011

Box office: Um sucesso chamado Tintin

Estreou há sete dias e foi o filme mais visto da semana em Portugal, divulgou o Instituto do Cinema e Audiovisual. Os números do extraordinário As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne, realizado por Steven Spielberg e produzido por Peter Jackson, são claros: lançado em 134 ecrãs, acumulou uma receita bruta de 931.857,21 euros e levou às salas nada menos que 156.205 espectadores. Previsível? Certamente que sim e não nos admirará se a posição na lista do box office nacional voltar a ser a mesma na próxima semana. 

Será, apesar de tudo, interessante (e pertinente) confrontar os 70.282,32 euros que fazem de Sangue do meu Sangue o filme português mais visto do ano (encontrando-se, por sua vez, na 31º posição dos portugueses mais vistos desde 2004, prestes a ultrapassar Odete, de João Pedro Rodrigues) com os do Tintin. Se, por um lado, temos um número que é fruto de uma acumulação de 29 dias em sala (como é o caso da obra de João Canijo), por outro deparamo-nos com uma diferença brutal na ordem dos 861.574,89 euros, somados por um filme que esteve, “apenas”, 7 dias em exibição. Ambos são verdadeiros acontecimentos multi-versões à escolha do espectador: Tintin tem cinco versões – original em inglês e legendada em português (2D e 3D), dobrada em português (2D e 3D) e dobrada em francês e legendada em português (2D) – e Sangue do meu Sangue duas (brevemente mais uma, em televisão) – uma de 140 minutos, outra de 190. Mas, questionamo-nos, será o número de escolhas a justificação para a diferença, praticamente violenta, dos números? Não nos permitamos a ser ingénuos – face ao 3D, a duração não tem o mesmo efeito sedutor para o grande público. Contudo, outra diferença: Tintin foi lançado em 134 salas de cinema (em contraponto com o português, que estreou em… 14). Um é norte-americano, outro é português; um é realizado por Steven Spielberg, outro é realizado por João Canijo… Mas o que quer isto dizer? Para efeitos práticos, não muito que não saibamos ou que não esperássemos, tanto que tudo isto nos passa com grave despreocupação. 

A maior diferença, muito provavelmente, reside no facto de nos ligarmos mais rapidamente à receita bruta modesta de 70 mil euros de Sangue do meu Sangue e de olharmos com a maior das indiferenças ao quase milhão de euros de Tintin.

quarta-feira, agosto 17, 2011

O actor por detrás do macaco


Pouco depois de ter estreado entre nós o recente “Planeta dos Macacos”, Andy Serkis enfrenta uma vez mais o mundo do cinema com as possibilidades que a captura digital de movimentos oferece. Este artigo foi publicado originalmente no dia 13 de Agosto de 2011 na revista Notícias Sábado, que integra o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias.
Se passasse na rua, não seria estranho que não o reconhecessem pelas interpretações que o celebrizaram em redor do mundo. “Passados dez anos as pessoas ainda me dizem: ‘Então tu fizeste a voz do Gollum?’, ou ‘Tu fizeste os movimentos do King Kong?’” Quem o admite é Andy Serkis, figura central nas interpretações baseadas em captura digital de movimentos, ao jornal diário The Telegraph, e que regressa ao grande ecrã em “Planeta dos Macacos: A Origem”, que acaba de estrear nas salas de cinema portuguesas.

Mesmo antes da polémica instalada quando foi defendida uma nomeação para o Óscar para Zoe Saldana como melhor actriz secundária em Avatar, Andy Serkis tem sido um dos maiores defensores do reconhecimento daqueles que surgem no grande ecrã através de manipulação digital dos actores. Quanto à sugestão apontada por alguns críticos sobre a introdução de uma nova categoria direccionada às interpretações do género, Serkis defendeu a igualdade: “a essência de uma performance é a representação”, afirmou à BBC News.

Nascido em Londres no dia 20 de Abril de 1964, a paixão de Andrew Clement G. Serkis pelo teatro e pelas artes nasceu desde cedo, estudando e participando em peças nos tempos de universitário. Após ter interpretado obras de Shakespeare a Brecht, Andy Serkis fez o salto para as produções televisivas e cinematográficas durante os anos 90. Mas o actor deve o seu êxito à adaptação para cinema dos livros de J. R. R. Tolkien, “O Senhor dos Anéis”, a trilogia épica comandada por Peter Jackson galardoada com 11 Óscares da Academia.

Muito embora o realizador tivesse apenas pedido emprestada a voz do actor (que cede para alguns videojogos), Peter Jackson sentiu-se rapidamente impressionado pela presença física e entusiasmo de Serkis, motivando a escolha do tipo de animação e a colaboração entre ambos nos filmes seguintes. Para se aproximar da personagem Gollum, o actor britânico treinou um tipo de voz ao observar os seus próprios gatos e a forma como expeliam as bolas de pêlo engolidas.

A caracterização “realista” valeu-lhe um sucesso imediato, recebendo inúmeros prémios e nomeações pela sua interpretação e despertando a curiosidade aos espectadores de como a animação poderia parecer tão autêntica. Na vedade, Serkis esteve rodeado de uma talentosa equipa de efeitos especiais, que o colocaram dentro de um vestido justo com pontos onde as câmaras poderiam localizar a origem dos movimentos do seu corpo. Depois disso, os responsáveis pelo estúdio da Weta Digital (que tornaram possível “O Senhor dos Anéis”, “Avatar” ou o mais recente “Planeta dos Macacos”), transportariam a informação para computador, que criaria um modelo tridimensional.

O à-vontade com as características invulgares da representação permitiu que Serkis interpretasse Kong no filme King Kong (2005), também realizado por Peter Jackson, e que lhe valeu um prémio vindo da Associação de Críticos de Cinema de Toronto.

A imagem de “primata humanizado” não é, portanto, nova. Não é de estranhar a sua participação no mais recente “Planeta dos Macacos: A Origem”, o primeiro capítulo da série cinematográfica que não utiliza máscaras para caracterizar os macacos. Andy Serkis interpreta o protagonista César, líder da revolução dos macacos sobre o ser humano.

Ao mesmo tempo que se envolve neste género de projectos cinematográficos, o actor tem participado “tal como é” em filmes como O Terceiro Passo (2006), de Christopher Nolan, De Repente, Já nos 30! (2004), ou o recente Sex & Drugs & Rock & Roll (2009), obra biográfica no qual encarna o vocalista Ian Dury, que morreu em 2000 vítima de um cancro. “Não há distinção entre representar o Ian Dury ou o César”, defende o actor ao The Telegraph.

Ainda este ano, no dia 27 de Outubro, poderemos ver a sua participação em As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne e, em 2012, nos dois capítulos de O Hobbit, onde regressará como Gollum.

A nomeação que não chegou
Representar a misteriosa e assustadora personagem de Gollum / Sméagol não foi tarefa fácil para Andy Serkis. Durante a rodagem da trilogia de O Senhor dos Anéis, a equipa de efeitos especiais WETA responsável pela animação digital foi obrigada a filmar cada cena pelo menos duas vezes – uma com Serkis, e outra sem ele. Com uma interpretação e efeitos especiais aclamados pela crítica e pelo público, surgiram rumores de que este poderia ser nomeado para um Óscar, o que não se veio a comprovar verdade.

O seu papel mais desafiante
Foi a primeira vez na história da série de filmes Planeta dos Macacos que se decidiu não utilizar máscaras mas sim animação baseada na captura digital de movimentos dos actores como forma de potenciar a caracterização dos primatas. Em Planeta dos Macacos: A Origem, agora em exibição nas salas de cinema, Andy Serkis interpreta o macaco que a personagem de James Franco protege do laboratório onde foi criado e manipulado geneticamente. O próprio actor considera ter sido o papel mais desafiante que enfrentou.

segunda-feira, agosto 01, 2011

Encontros imediatos do 8º grau



Por fim, o mistério termina: um dos filmes mais aguardados para o Verão deste ano, produzido por Steven Spielberg, acaba finalmente de ser lançado nas salas de cinema portuguesas e revisita uma fórmula antiga de sucesso. Este artigo foi publicado originalmente no dia 30 de Julho de 2011, na revista Notícias Sábado, que integra o Diário de Notícias e o Jornal de Notícias.
O criador da série de culto “Perdidos”, produtor do impressionante “Cloverfield” e realizador do reinício da saga “Star Trek” aperta mãos com o lendário cineasta Steven Spielberg. E “Super 8”, que acaba de estrear nas salas de cinema, não é um filme só de um ou de outro, mas de ambos. É precisamente essa peculiaridade, carregada da nostalgia do percurso inicial dos dois realizadores, que faz com que este seja um dos melhores blockbusters dos últimos anos.

Somos situados no Ohio (onde Spielberg nasceu), numa cidade fictícia, no final dos anos 70, e acompanhamos um grupo de miúdos cinéfilos, impelidos em filmar, com uma câmara Super 8, parte do seu filme à noite e ao lado de uma linha de comboios. É então que assistem a um descarrilamento aterrador, que é seguido por uma série de desaparecimentos enigmáticos (que acabam por associar aos acontecimentos dessa noite).

Misturando thriller, aventura e, sobre tudo o resto, ficção científica, J. J. Abrams embrenha-nos nas possibilidades quase “mágicas” do próprio cinema narrativo. Parte-se assim de uma base consistente e eficaz de argumento, que evoca as grandes produções de Hollywood de Steven Spielberg, como “E.T. – O Extraterrestre”, “Encontros Imediatos do Terceiro Grau” ou “Os Goonies” (o cineasta realizou os dois primeiros e produziu o terceiro). Mas não deixa de ser importante ressaltar toda uma carga de pessoalidade inerente ao filme. Este retorno à infância acarreta também consigo uma demonstração daquilo que foi o início das carreiras de J. J. Abrams e Steven Spielberg (que filmavam pequenas curtas-metragens em Super 8) e da importância desempenhada pela sua imaginação pueril e concentrada em seres extraterrestres. É por isso que a produção inocente do filme que há dentro de “Super 8” nos leva a considerar as personagens verosímeis, para além de bem construídas (a título de curiosidade, o protagonista não tem mãe, ao contrário de muitos dos filmes de Spielberg em que se sente a ausência do pai). Por conseguinte, não podemos deixar de considerar a extraordinária direcção dos actores, particularmente de Joel Courtney e de Elle Fanning (irmã mais nova de Dakota e que ficou reconhecida pelo seu papel em “Somewhere – Algures”, de Sofia Coppola), que rouba praticamente todas as cenas em que surge.

Assim, mais que ser um cartão-de-visita para as promessas de novos actores e muito para além de servir para o entretenimento para as massas, “Super 8” garante o cinema aos mais jovens e férteis sonhadores como a porta ideal para explorarem a sua imaginação.

quarta-feira, julho 13, 2011

5 perguntas (ii): Pedro Ponte

Pedro Ponte, redactor do portal de cinema Ante-Cinema, escreve na rubrica semanal 5 perguntas, que confrontará vários convidados com uma série diferente de questões sobre a sua relação com o cinema. Muito obrigado, Pedro, pela tua colaboração.

★★★★★


1. O filme que viste mais vezes?

Jaws”, de Steven Spielberg. Não hesito porque é uma questão de lógica; não sei ao certo quantas vezes o terei visto, mas quando era criança (e sim, sei que não é o filme mais adequado para uma criança) ficava quase todos os dias durante a semana, depois das aulas, em casa de uma tia minha que tinha poucos filmes em VHS, sendo um deles esse marco do cinema de terror. Muitos outros provavelmente se aproximarão, incluindo muitos filmes da Disney, mas este provavelmente está em primeiro. Adorava a Disney, mas a minha curiosidade em ver se o tubarão, a música, a antecipação e tudo o resto continuariam a mexer comigo falavam mais alto. Hoje, continuo a ver o filme de vez em quando.

2. 3D ou 2D?

Não tenho grandes problemas em afirmar que o 3D não trouxe rigorosamente nada de positivo ao cinema, e tenho poucas ou nenhumas dúvidas de que se tratou apenas de uma jogada comercial. A técnica não é nova, já existia desde os anos 50, e há uma razão pela qual nunca “pegou”: é caro. Muito caro. E foi apenas na década de 00 que se chegou ao ponto de ser financeiramente viável filmar (ou converter) em 3D. É essencialmente ilusão e o brincar com a percepção de profundidade, coisa que o cinema faz desde sempre. Portanto, continuo – não céptico – mas com a plena noção de que não é, simplesmente, necessário. Mesmo dentro dos géneros em que é mais comum – acção, aventura, animação – já foram feitos filmes no passado que continuam, inclusive nos dias de hoje, a ser tão ou mais espectaculares que o “Avatar”. Os filmes de acção do James Cameron ou dos irmãos Scott eram em “2D” e conseguiam ser o epítome da adrenalina e diversão; a trilogia de “O Senhor dos Anéis” idem e será para sempre um marco na história do cinema; um realizador como Christopher Nolan continua a fazer filmes de acção que derrubam barreiras e fá-lo sem precisar de 3D; o período áureo da Disney implicava animação desenhada à mão e continua actual. A única excepção que consigo encontrar chama-se Pixar – são os únicos que aceito que tirem a taxa do meu bolso, mas são também génios. E até eles já fracassaram.

3. Uma medida para as salas de cinema portuguesas?

Correndo o risco de bater numa tecla já muito batida, um maior controlo e rigor no que diz respeito ao comportamento das pessoas. Bem sei que os centros comerciais não vão a nenhum lugar e que é impossível que essas salas deixem de ser frequentadas por públicos pouco instruídos, muitas vezes adolescentes com o único interesse de ir ver algo para se distraírem. É algo que já aceitei e que sei que não mudará. Mas é importante não esquecer que, mesmo nessas salas, continua a haver público que foi ver um filme e que, como tal, exige silêncio, ausência total de telemóveis e distracções. Quem não respeitar essas regras – porque são regras – tem obrigatoriamente que ser proibido de impedir outros de desfrutar da experiência que é ver um filme.

4. Que ciclo falta fazer na Cinemateca Portuguesa?

Como frequentador da Cinemateca, não creio que possa ser feita nenhuma crítica fundamentada ao trabalho que é lá desenvolvido, independentemente das dificuldades que se têm verificado nos últimos meses. Quem vai à Cinemateca, fá-lo porque sabe que é o espaço perfeito para conhecer a história do cinema (é, afinal de contas, um museu), e têm conseguido trazer todos os meses obras essenciais e organizado ciclos interessantes, dos quais destaco o recente dedicado a Nagisa Ôshima. Pessoalmente, e apesar de apreciar clássicos e prezar ao máximo a oportunidade de vê-los em sala, gostaria de ver mais cinema feito a partir dos anos 90, década em que muitos autores brilhantes floresceram e fizeram a ponte entre o clássico e o actual. É difícil não pensar em Quentin Tarantino, que admiro imenso; uma retrospectiva integral da sua obra seria algo que adoraria ver.

5. O último filme visto no cinema?

Bridesmaids”, de Paul Feig. Uma comédia por vezes típica, por vezes mais próxima da qualidade dos filmes de Judd Apatow.

quinta-feira, março 05, 2009

:The List is Life


O que dizer quando parecem não haver palavras suficientes para descrever algo de tão perfeito? Isto também é uma pergunta filosófica ;b Obrigado, sr. Spielberg.