Nem toda a beleza apresentada, por mais estilizada que possa parecer, tem como efeito a idealização da realidade, e o mais recente filme de Ang Lee prova, mais uma vez, que qualquer panorama paisagístico, qualquer gesto humano, por mais simples ou sórdido que a início possa parecer, pode resultar na perfeição emocional e estética de uma situação, levada, neste caso, ao grande ecrã, deleitando, certamente, como feliz consequência, o espectador mais atento e exigente.
Não sabia o que esperar quando comecei a ver a película, mas desde o primeiro ao último momento sentimos uma abismal atenção dada a todos os detalhes, desde o cenário na sua generalidade, ao guarda-roupa e caracterização das personagens, factores que, devo admitir, não são frequentemente meritórios da minha atenção mas que, com “Se, Jie”, se distinguiram de forma primorosa, concordando com uma fotografia e banda sonora sublimes. Não cuidem os leitores que todos os adjectivos estão a ser utilizados de forma irreflectida, pois é isso que, com a visualização desta autêntica obra-prima, vão ver.
Como se não bastasse a mestria de todos os aspectos técnicos, o argumento e a história são mais do que dignos de um destaque. Tomemos como ponto de partida a sinopse, que nos remete para uma China sombria, ocupada pelas impertinentes forças políticas e guardais japonesas, no contexto da segunda Grande Guerra. Wong Chia Chi é a nossa protagonista inicialmente imaculada, uma universitária que, aliada ao seu grupo de amigos radicalistas que protestam contra o regime imposto, vê a sua vida dar uma volta de cento e oitenta graus quando decidem infiltrar-se numa sociedade secreta japonesa e aniquilar o cabecilha policial Mr. Yee, responsável por uma tensão social que nas ruas chinesas se foi criando, teatralizando, com falsas identidades, uma família com um enorme poderio económico. Entre muitos erros e vitórias que se criam entre o grupo, o limite é chegado na recta final, em Xangai, com um final admirável (e também, para alguns, aberto), que terão de ver.
Assombrosas são, também, as cenas explícitas que retratam as relações sexuais entre Wong Chia Chi e Mr. Yee, mostrando uma sensibilidade e concupiscência inegáveis e que representam, em termos gerais, aquilo que “Sedução, Conspiração” é, na sua totalidade.
Estamos perante um thriller arrojado e mergulhado numa atmosfera neo-noir de prender a respiração, e de quase 3 horas passadas a voar; um romance negro, silencioso e improvável entre o lobo e a ovelha; uma trágica análise de todas as personagens, desmesuradamente apartadas da já bem conhecida distribuição bivalente feita para distinguir os heróis dos vilões; um retrato documental e preciso de um país acorrentado e sem esperança. Estamos, portanto, e sobretudo, perante uma preciosa obra-prima de visualização necessária e obrigatória, injustamente ignorada na sua estreia, mas que, e gosto de o imaginar assim, daqui a alguns anos, será um trabalho mais do que discutido e apreciado.
Não sabia o que esperar quando comecei a ver a película, mas desde o primeiro ao último momento sentimos uma abismal atenção dada a todos os detalhes, desde o cenário na sua generalidade, ao guarda-roupa e caracterização das personagens, factores que, devo admitir, não são frequentemente meritórios da minha atenção mas que, com “Se, Jie”, se distinguiram de forma primorosa, concordando com uma fotografia e banda sonora sublimes. Não cuidem os leitores que todos os adjectivos estão a ser utilizados de forma irreflectida, pois é isso que, com a visualização desta autêntica obra-prima, vão ver.
Como se não bastasse a mestria de todos os aspectos técnicos, o argumento e a história são mais do que dignos de um destaque. Tomemos como ponto de partida a sinopse, que nos remete para uma China sombria, ocupada pelas impertinentes forças políticas e guardais japonesas, no contexto da segunda Grande Guerra. Wong Chia Chi é a nossa protagonista inicialmente imaculada, uma universitária que, aliada ao seu grupo de amigos radicalistas que protestam contra o regime imposto, vê a sua vida dar uma volta de cento e oitenta graus quando decidem infiltrar-se numa sociedade secreta japonesa e aniquilar o cabecilha policial Mr. Yee, responsável por uma tensão social que nas ruas chinesas se foi criando, teatralizando, com falsas identidades, uma família com um enorme poderio económico. Entre muitos erros e vitórias que se criam entre o grupo, o limite é chegado na recta final, em Xangai, com um final admirável (e também, para alguns, aberto), que terão de ver.
Assombrosas são, também, as cenas explícitas que retratam as relações sexuais entre Wong Chia Chi e Mr. Yee, mostrando uma sensibilidade e concupiscência inegáveis e que representam, em termos gerais, aquilo que “Sedução, Conspiração” é, na sua totalidade.
Estamos perante um thriller arrojado e mergulhado numa atmosfera neo-noir de prender a respiração, e de quase 3 horas passadas a voar; um romance negro, silencioso e improvável entre o lobo e a ovelha; uma trágica análise de todas as personagens, desmesuradamente apartadas da já bem conhecida distribuição bivalente feita para distinguir os heróis dos vilões; um retrato documental e preciso de um país acorrentado e sem esperança. Estamos, portanto, e sobretudo, perante uma preciosa obra-prima de visualização necessária e obrigatória, injustamente ignorada na sua estreia, mas que, e gosto de o imaginar assim, daqui a alguns anos, será um trabalho mais do que discutido e apreciado.
9/10
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