Este texto foi publicado originalmente no Diário de Notícias (31 de Janeiro de 2012)
Terminou em Park City, no estado do Utah, no passado dia 29 de janeiro, aquela que é a 28ª edição do maior festival de cinema independente dos EUA – o Festival de Sundance, que este ano exibiu cerca de 120 filmes (58 dos quais em competição oficial).
A longa-metragem assinada pelo estreante Benh Zeitlin (entrevista em baixo) Beasts of the Southern Wild mereceu o maior destaque, tendo sido galardoado com o prestigiado Grande Prémio do Júri para Melhor Filme de Ficção. Este drama, que foi também laureado com o prémio para melhor fotografia (da responsabilidade de Ben Richardson), filma o percurso de uma jovem rapariga que vive com o seu pai, um doente terminal, nos confins dos Estados Unidos, numa pequena comunidade no delta do rio Mississípi.
Foi após um longo trabalho (3 anos) e o apoio do Sundance Institute (preparado para auxiliar cineastas em início de carreira) que Benh Zeitlin aceitou o prémio, esperando que “este filme seja uma bandeira para que os produtores permitam os realizadores serem tão ousados quanto possam para dirigir um filme”.
Os direitos de distribuição foram comprados e garantidos pela Fox Searchlight que, seduzida pelo caráter espiritual da narrativa, encontrou semelhanças com o filme de Terrence Malick, A Árvore da Vida, que se consagrou um sucesso comercial.
Ainda na área da ficção, o júri do festival de cinema independente reconheceu como melhor filme estrangeiro Violeta se fue a los cielos, longa-metragem de Andrés Wood sobre a vida da icónica cantora Violeta Parra (que fundou a música folclórica no Chile).
Mas não só de ficção Sundance foi preenchido este ano. Depois de já ter vencido, em 2005, o prémio para melhor documentário, Eugene Jarecki voltou a receber o galardão, desta vez para The House I Live In, uma crítica sobre a realidade norte-americana atual do combate às drogas. Por sua vez, The Law in These Parts, retrato duro do sistema militar legal hebraico nos territórios palestinianos ocupados, fez com que o israelita Raanan Alexandrowicz levasse consigo o prémio para melhor documentário internacional.
Ainda que o foco do certame seja exclusivo ao cinema independente e de baixo orçamento, Sundance tem tido uma progressiva atenção mediática por ser palco da projeção dos realizadores de amanhã. Assim, não é de admirar o anunciado crescimento de 6% relativamente às submissões de filmes (de acordo com o site oficial, Sundance recebe aproximadamente 9000 inscrições todos os anos).
A edição de 2012, com duração de nove dias, ficou invariavelmente marcada pelo falecimento do produtor Bingham Ray, de 57 anos, durante o festival.
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