Antes de ser violento, o original Brincadeiras Perigosas, uma das maiores obras do austríaco, é sobre ser violento. A câmara, fluidamente frontal e directa, deleita o mais interessado pelo terror, pela gratuidade que acaba por caracterizar toda uma cultura e sociedade. Mas, por outro, a sua crueza, a ousadia do casamento entre o protagonista e o público e da sequência do comando, indubitavelmente genial, acaba por condenar esse mesmo interesse, por denunciar a desumanidade inserida nesse voyeurismo, nessa vontade expressa e singular de ver o medo, de ver o horror, de ver o fio da vida cortado num piscar de olhos. É um filme que se vê e revê, múltiplas e milionésimas vezes. Basta passearmos na rua, sentarmo-nos à mesa ou no sofá, carregar no botão para ligar a caixa mágica, arqui-inimiga de Haneke, e assistir à Morte.
Voyeurismo e "sobre ser violento" são mesmo as expressões chave para este brutal fenómeno que é Brincadeiras Perigosas. Gostei do texto!
ResponderEliminarAbraço
É o meu preferido dele. Já afirmei várias vezes e continuo a afirmar que, para mim, a versão americana é desnecessária.
ResponderEliminarObrigado, Marcelo... :)
ResponderEliminarÁlvaro, quanto ao remake, escrevi uma série de perguntas para reflexão no post que linkei neste. ;)
Abraços
O filme é espantoso e carrega esse mesmo fardo, sobre ser violento e o porquê(?)
ResponderEliminarUma das respostas mais plausíveis mas mais abominantes é o facto de ser para entretenimento...
Abraço
Cinema as my World
Bruno, abominante é uma boa palavra para a resposta encontrada. É triste mas é o que temos.
ResponderEliminarAbraço
Eu não vi o original mas gostei imenso do remake americano (que de resto é uma cópia). Excelente dissertação sobre a violência.
ResponderEliminarAbraço
A versão americana poderá ser desnecessária, mas só em parte. Depende daquilo que procuramos nela. Penso que é um caso muito interessante para estudo.
ResponderEliminarCumps.
Roberto Simões
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