O último capítulo da trilogia das cores de Kieślowski é, de facto, uma inegável obra-prima. Uma reflexão duplamente essencialista e existencialista sobre a comunicação humana, fonte da sua própria condição, uma que conclui perpetuando uma natural e intrínseca bondade no ser humano (associada à fraternidade) ou, pelo menos, daqueles que, aparentemente, assim o merecem ou se encontram resignados a um certo determinismo cósmico, divino e supremo. Deverá, por isso, ser a mais significativa em profundidade espiritual, captando não só a essência das personagens com quem acompanha como do meio envolvente, tornando as imagens de cada plano supremamente necessárias, como se cada objecto, som, acontecimento, etc., no seu preciso local de pertença, acarretasse todo um futuro inevitável (e, neste caso, feliz, refulgente, chocante para um espectador que toma a condição de deus). Assim, tudo o que classicamente se depreende imprescindível no cinema da representação da realidade se encontra reconfigurado no do polaco, que, orquestrando o universo francês com o auxílio de génio de Zbigniew Preisner e de uma simbologia cromática e filosófica do mais perspicaz, imortaliza uma vontade de tudo contemplar – não seríamos nada sem o meio, sem as almas que nos envolvem e constroem. Seríamos um vazio que aqui, simplesmente, se mostra inadmissível. Uma vez mais: obra-prima, que terá (e a pouco custo) de ser revista inúmeras vezes. Assim ela o merecerá, certamente.
Ter-me-ei cruzado com estes DVDs centenas de vezes... e em todas elas me interroguei: valerá a pena?
ResponderEliminarHei-de dar-lhe uma oportunidade.
Quanto ao teu artigo anterior, só tenho a fizer que Tarkovsky está para breve :b
Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - A Estrada do Cinema «
É brilhante este "Vermelho"...
ResponderEliminarPassa agora para o Dekalog! ;)
Pelo que tenho lido, esta trilogia é um máximo!
ResponderEliminarAbraço
Cinema as my World
Esta trilogia também está na minha lista de espera.Será para breve:)
ResponderEliminarOntem por coincidência revi este "Vermelho" e de facto Kiéslowski nunca filmou tão bem, nunca esteve tão maduro na sua arte (ou não fosse este o seu último filme como realizador).
ResponderEliminarNo seu legado Kiéslowski deixou ainda a trilogia inacabada (apenas no papel) de "Heaven", "Hell" e "Purgatory", que foi entretanto terminada e adaptada por outros realizadores conceituados.
Sem dúvida que a trilogia das cores é uma das minhas favoritas de toda a história do cinema.
Roberto: é excelente! Tal como Tarkovsky, que tu vais a-do-rar. :D
ResponderEliminarNeuroticon, passarei. Já tenho o 1º comigo! :) Depois falarei do que achei, claro.
Bruno, é mesmo ;)
Manuela, sinto que vais gostar bastante mesmo. Resta-me esperar a tua opinião.
V. Estrada, olha, disso não sabia eu :) Concordo, claro, contigo, quando a este Rouge. É também das minhas trilogias favoritas. Continua a passar por cá ;)
Cumprimentos a todos
Um dos melhores filmes que já vi...e um final excelente para uma trilogia genial =]
ResponderEliminar