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sábado, maio 21, 2011

Cannes [11]: Antes do tudo ou nada, as canções de amor


Hoje foi o penúltimo dia do Festival de Cinema de Cannes. Foram, para além de mais prémios entregues, projectados os últimos filmes em competição oficial para a Palma de Ouro. O primeiro deles, «Bir Zamanlar Anadolu’Da» (ou, em inglês, «Once Upon a Time in Anatolia»), onde o realizador Nuri Bilge Ceylan, tal como diz em conferência de imprensa (aqui), dá preferência aos planos gerais: «Faço tudo de instinto. Não faço corte técnico. (…) Mas é verdade que gosto muito dos planos vastos. A imensidade do quadro permite pensar ao lugar que ocupamos na Terra.» Quanto a esta obra, o crítico de cinema do Diário de Notícias João Lopes escreve: «Once Upon a Time in Anatolia parte da investigação de um crime para se transformar numa deambulação arfante por uma região remota, esquecida, obedecendo a lógicas de poder tão estranhas quanto inquietantes. Em boa verdade, trata-se de um filme sobre a infinita espessura do real e, mais do que isso, sobre a proximidade incontornável da morte — juntamente com The Tree of Life e Le Gamin au Velo, sem duvida um dos filmes maiores deste 64º Festival de Cannes.»

Quanto ao segundo filme (e último) da selecção oficial a ser projectado esteve «La Source des Femmes» (ou «The Source»), do realizador Radu Mihailean. Ao lado das actrizes, Radu diz, em conferência de imprensa (aqui), que «A personagem do filme é a aldeia. Ela era formidável com as suas cores ocre, aquela terra… Só faltava um pouco de cor. Escolhemos debicar nas culturas de cada país árabe sem trair a unidade arabo-berbere marroquina. Trouxemos então estes azuis, estes amarelos, estes laranjas. A luz devia favorecer todas essas cores: o ocre, as paredes, as peles também.» José Vieira Mendes, sobre este filme, escreve: «Este que não se justificava estar na Competição, que merecia um 'grand final' é uma fábula abertamente feminista passada numa aldeia do Norte de África Médio Oriente, em que contra a tradição as mulheres decidem fazer abstinência ao sexo, para alterar a sua situação na comunidade.»

Fora de competição e a encerrar o festival esteve Christophe Honoré, que apresentou o seu novo musical, «Les Bien-Aimés», acompanhado de Rasha Bukvic, Louis Garrel, Paul Schneider, das actrizes Catherine Deneuve, Chiara Mastroianni, Ludivine Sagnier e do compositor Alex Beaupain. O realizador deixou uma frase: «Nunca acreditei que o Cinema fosse feito para rodar a vida, mas tento fazer filmes que estejam vivos».

Os prémios da secção Un Certain Regard, presidida por Emir Kusturica, foram já entregues. O destaque maior vai para o filme auto-biográfico de Kim Ki-Duk, que, sofrendo de uma grave depressão (o realizador chegou a chorar variadas vezes em entrevistas e aquando da projecção do seu filme), recebeu, emocionado, o Prémio Un Certain Regard, em ex-aequo com o de Andrea Dresen. A lista completa:

Prémio Un Certain Regard
ex-aequo
Arirang, de Ki-duk Kim
Halt Auf Freier Strecke, de Andreas Dresen

Prémio Especial do Júri
Elena, de Andrei Zvyagintsev

Melhor Realizador
Mohammad Rasoulof, pelo filme Bé Omid é Didar

Para além da segunda "queer palm" da história do festival, outros prémios foram entregues (pelo FIPRESCI e pelo Júri Ecuménico):

Júri FIPRESCI
Selecção Oficial
Le Havre, de Aki Kaurismäki

Un Certain Regard
L'Exercice de l'État de Pierre Schöller

Semana dos Realizadores
Take Shelter, de Jeff Nichols

Júri Ecuménico
Grande Prémio
This Must Be The Place, de Paolo Sorrentino

Menção Especial
Et maintenant, on va òu?, de Nadine Labaki

Queer Palm
Skoonheid, de Olivier Hermanus

Amanhã serão anunciados os grandes vencedores desta edição do Festival de Cannes. Quanto às previsões da imprensa, o enviado da Visão José Vieira Mendes escreve o artigo «Palmarés 2011: O princípio da incerteza», que está transcrito imediatamente a seguir:
É quase uma tradição do Festival de Cannes, os prognósticos da crítica nunca acertarem com os jurados e com os vencedores. Mas este ano a incerteza é grande em relação aos candidatos à Palma de Ouro já que há vários filmes, cineastas e actores como potenciais vencedores. Algo que só abona em favor desta Selecção Oficial, que apesar de todos os condicionalismos a nível económico foi uma das melhores de sempre dos últimos anos. Em termos de media e capas de jornais, na verdade o 'affaire', Dominique Strauss-Kahn, tirou algum protagonismo ao evento, já que Lars Von Trier por culpa própria tornou-se o menino-mau deste Festival. Problema dele, mas mau para o cinema. Para o ano há mais. Ficam aqui os prognósticos quando quase de certeza Robert De Niro e os seus pares estão neste momento com as orelhas a arder.
Realmente estamos todos de acordo na crítica em geral em relação a esta edição 2011 quanto ausência total de um vencedor antecipado, embora para alguns pareça previsível que para Terrence Malick, joga-se o agora ou nunca em relação a uma Palma de Ouro. E será que o homem vai aparecer para recebê-la? De repente lembrei-me que Stanley Kubrick, outro grande cineasta mal compreendido nunca recebeu uma Palma de Ouro e sempre fugiu da euforia do Festival de Cannes. De qualquer modo parece que este ano não há mesmo rumores em relação a um possível vencedor. Da parte dos jurados um silêncio total, quando o ano passado já passava aparentemente cá para fora que o favorito seria o filme de Apitchapong. Com a Competição fechada são 'Le Gamin au Veló' dos Irmãos Dardene e 'Le Havre', do finlandês Aki Kaurismaki, que estão à frente das pontuações da crítica, respectivamente nas especializadas publicações 'Le Film Français' e 'Screen'. Em caso de vitória os Dardenne levariam para casa a sua terceira Palma de Ouro. Já chega não? O filme agridoce de Karismaki foi muito bem acolhido e muito consensual junto da crítica, a ver pelos aplausos no final da projecção. Seria um prémio interessante (não mais que isso....em abono da verdade), para um cineasta preocupado com os valores das sociedades democráticas. Depois há três filmes muito bem colocados para ganhar a Palma de Ouro, isto claro sempre do ponto de vista da crítica: 'The Tree of Life', de Terrence Malick, 'Habemus Papam', de Nani Moretti e 'L'Artist', de Michel Hazanavicius. Na verdade, no final das respectivas projecções de imprensa, Malick esteve entre os apupos mais ferozes à ovação e o filme mudo, teve aplausos bastantes entusiásticos e consensuais. 'Polisse', 'Melancholia' e 'La Piel que Habito', estão no patamar seguinte das candidaturas à Palma sendo que Von Trier já borrou a pintura na Conferência de Imprensa tornando-se um indesejável pelo menos nesta edição. O filme francês é muito sedutor com a sua modernidade que se joga entre a linguagem do cinema e da televisão. Ao passo que Almodóvar parece ter já tido melhores dias aqui na Croisette. 'This Must Be the Place', de Paolo Soreentino e 'Drive', do dinamarquês Winding Refn, são igulamente candidatos a ter em conta, pela forma como foram recebidos pela crítica. E claro os últimos são sempre os primeiros com 'Once Upon the Time in Anatolia' a ser igualmente um dos favoritos, pela enorme 'affection', que o festival tem pelo cineasta turco Nuri Bilge Ceylan
Quanto aos Prémio de Interpretação Masculino, aparecem três candidatos ideais: Michel Piccoli ('Habemus Papam'), Sean Penn ('This Must Be the Place') e Jean Dujardim, o sorridente actor francês de 'L'Artist'. No que diz respeito às Interpretações Femininas não há muitas para destacar, tudo aponta para o colectivo de 'Polisse', embora haja grandes performances a ter em conta: Tilda Swinton em 'We Need to Know About Kevin' e a dupla Charlotte Gainsbourg (já ganhou com 'Anticristo') ou Kirsten Dunst de 'Melancholia'. Mas isso seria dar alguma notoriedade a um filme que está evidentemente marcado pela insensatez do seu realizador. As surpesas são sempre benvindas desde que justas, mas esperemos para ver na cerimónia amanhã às 19h15 (18h15 hora de Lisboa) o que vai acontecer. Para quem quiser ver em directo: http://www.canalplus.fr/ , mas garanto que não é a mesma coisa, que estar no Grande Auditório Lumiére.

sexta-feira, maio 13, 2011

Cannes 2011 [3]: Habemus Moretti


O dia 3 no Festival de Cannes pareceu dia de um homem só. O realizador Nanni Moretti (laureado em 2001 com a Palma de Ouro pelo estupendo «O Quarto do Filho»), que compete na principal secção, traz-nos «Habemus Papam», onde interpreta o psicanalista de um papa recém-proclamado (Michel Piccoli) e que não está pronto a acarretar a responsabilidade do título. O filme, que estreou em Itália no de Abril suscitando uma onda de reacções mista por parte da própria Igreja, é, podemos confirmá-lo, um acto de descrença e distância quanto ao exercício de influência do Vaticano. «Quando me dizem sobre Habemus Papam que não há fé, respondo que sim! Lamento não acreditar em Deus. Mas não se sente no meu olhar a vontade de ir contra aqueles que ficaram profundamente ancorados na fé. Quis contar o meu Vaticano e fazer um filme que não seja denunciador. Não desejei deixar-me condicionar pela actualidade», confessa o cineasta na conferência de imprensa, que pode ser visualizada aqui. João Lopes, no Diário de Notícias, escreve que «é um filme deliciosamente psicanalítico» e «uma fábula moral sobre o peso da responsabilidade religiosa, tanto mais tocante quanto Moretti sabe dosear o seu inconfundível humor com a densidade de um genuíno testemunho existencial».



A lutar pela Palma de Ouro e também projectado hoje foi o drama “verité” francês «Polisse», escrito, realizado e interpretado por Maïwenn, que leva ao grande ecrã a crónica social de uma mandatada do Ministério do Interior que tem o objectivo de reunir fotografias para um livro do dia-a-dia dos polícias da Brigada de Protecção de Menores. A cineasta diz, na conferência de imprensa que aqui pode ser visionada, (ao lado do seu produtor e onze dos seus actores: Emmanuelle Bercot (igualmente co-argumentista), Karine Viard, Joeystarr, Marina Foïs, Nicolas Duvauchelle, Karole Rocher, Frédéric Pierrot, Arnaud Henriet, Naidra Ayadi, Jérémie Elkaim e Sandrine Kiberlain) que «o que me deu vontade de fazer o filme, foi a paixão dos polícias e as armas que criam para se protegerem da miséria humana. O que me transcendeu, foi tudo o que girava em torno da infância, foi a ligação entre todos os meus filmes: a infância, a paternidade, a maternidade».



Fora de competição, n’Un Certain Regard, esteve Kim Ki-DukPrimavera, Verão, Outono, Inverno e… Primavera») com «Arirang» após o seu misterioso desaparecimento em 2008 que provocou rumores que temiam a morte. Acontece que, nesse ano, depois da actriz de «Dream» quase ter morrido ao interpretar uma cena de enforcamento, o realizador coreano reflectiu sobre a sua vida, resumindo-a ao cinema («este universo imaginário, tão cruel como melancólico, fervente, triste e meigo») responsável por o ter tornado no «homem mais triste da Terra». Filme sui generis, «Arirang» é uma caso raro de cinema que tem o objectivo de transpor a sua viagem pessoal e retiro interior, assinando as áreas técnicas e criativas principais: realização, argumento, interpretação, montagem, produção, imagem e som.

domingo, março 21, 2010

...e Primavera

Bem, como já devem (ou não) ter reparado, desde a Primavera de 2009 que tem havido uma série de publicações agendadas para o início de cada estação do ano, no âmbito de um grandioso filme: "Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera", que explora temas variados como o mito do eterno retorno, os valores religiosos, o amor, a redenção, a vida, a morte e a reencarnação. Vejam, é, indubitavelmente, das melhores películas alguma vez escritas e realizadas.
[Para ler a crítica de Rúben Gonçalves, clique aqui.]

segunda-feira, dezembro 21, 2009

quarta-feira, setembro 23, 2009

domingo, junho 21, 2009

sábado, março 21, 2009

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera

spring-summer-fall4



As estações do ano sucedem-se, cada uma narrando diferentes etapas da vida de um monge, desde a sua infância, e descoberta das consequências dos seus actos, até ao amadurecimento da sua personalidade e redenção espiritual.