Fez “três filmes inesquecíveis” (recordemos: A Leste do Paraíso e Fúria de Viver em 1955 e O Gigante em 56) e pouco depois morreu – resume-se assim, seca e objetivamente, a grande tragédia de James Dean naquela que era uma das mais aguardadas sessões do Queer Lisboa 16: Joshua Tree, 1951. A acompanhar o título está uma designação que tem tanto de irónico como de curioso, tanto de mentira como de verdade: A Portrait of James Dean. Mas na estreia no território das longas-metragens do californiano Matthew Mishory (presente na sessão) não vemos um nascimento de um ícone – antes uma juventude que flutua acompanhando um filme que toca, sempre à deriva, numa figura maior que a própria imaginação.
Será, tristemente, por isso que Joshua Tree, que se senta à sombra do gigante Dean, nunca chega realmente a enfrentar “o” ator. Apenas desenha, com grande sentido de virtuosismo (na música, nos efeitos da imagem como o slow motion publicitário, no belíssimo preto e branco...), as cenas da vida atribulada de “um” ator – sobretudo cenas que queiram explorar o nascimento não de um ícone mas de todo um imaginário sexual. É a liberdade na vivência da homo/bissexualidade que nos cativa: nas cenas da piscina, com os banhos de sol tomados pelo protagonista e colegas. Como se ali se estivesse a vivenciar um universo de total transigência, muito para além daquele tempo.
Aguardamos uma nova "estreia" de Mishory – como aguardamos, pacientemente, um filme que consiga tocar sem medos no intocável Dean.
Sem comentários:
Enviar um comentário