Bem-vindos às imagens do século XXI: que nos aliciam pelo anonimato – mas que se revelam fugidias como a água que nos escapa por entre os dedos. Nos dois (!) minutos (ou nos seis segundos do teaser que aqui pode ser visto) de Pix (título sugestivo, que de imediato nos coloca nos misteriosos códigos da Internet), ontem exibido no Queer Lisboa 16, o realizador Antonio da Silva mostra-nos um pouco daquele que pode ser um eterno work in progress: imagens retiradas de uma aplicação para smartphones que possibilitam aos utilizadores encontrar outros que, perto de si, estejam igualmente despertos sexualmente. O corpo masculino parte-se aqui em vários pedaços: nos bíceps, abdominais ou pénis – tudo em função da sedução: virtual, contemporânea. E a imagem perde-se eventualmente no abismo daquilo que o autor chama o “mercado do desejo”. Correção: não é a a imagem, mas toda uma identidade que se dilui. O nosso rosto chama-se hoje iPhone.
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