O Double Feature é um espaço de opinião regular sobre dois DVDs lançados (ou reeditados) pelas distribuidoras portuguesas. O comentário que segue foi publicado no dia 25 de Junho de 2011, na revista Notícias Sábado integrante do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias.
Mistérios de Lisboa, de Raoul Ruiz
Clap Filmes
★★★★
O grandioso feito cinematográfico (e televisivo) assinado por Raoul Ruiz, cineasta e teórico chileno radicado em França, é um filme-“novela” na verdadeira acepção do termo. Galardoado com inúmeros prémios em redor do mundo e considerado o melhor filme do ano pela Cahiers du Cinema, esta adaptação do homónimo Mistérios de Lisboa, de Camilo Castelo Branco faz-nos viajar a Portugal do século XIX e ao rol de personagens que fazem parte do destino do protagonista, Pedro da Silva (Afonso Pimentel). Esteticamente ambiciosa, esta obra impressionante de 6 horas parece, com longos e ritmados planos-sequência, dançar com as suas personagens. O filme conta com os desempenhos de Adriano Luz, Maria João Bastos, Albano Jerónimo e muitas outras caras do teatro e do cinema portugueses.
O Discurso do Rei, de Tom Hooper
Zon Lusomundo
★★★
O grande vencedor da edição dos Óscares da Academia deste ano trespassa o género da biografia para revelar uma história de responsabilidade e resiliência numa Inglaterra próxima da guerra. Colin Firth (Óscar de melhor actor principal) interpreta o papel de Bertie, Rei George VI (pai da actual rainha), que tem um problema de gaguez que lhe consome a vida. A partir de fotografia sóbria e, em dados momentos, invulgar, Tom Hooper (Óscar de melhor realizador) dignifica, com requinte classicista, a figura do rei e a sua luta desesperada, que leva a cabo ao lado da mulher (Helena Bonham Carter) e do terapeuta da fala e amigo (Geoffrey Rush). Apesar de não trazer nada de novo e extraordinário para o cinema norte-americano, o Óscar de melhor filme é sobretudo um título que se empenha em dar esperança aos desfavorecidos.
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