Quando, no ano passado, Tim Burton atribuiu a Apichatpong Weerasethakul a prestigiada Palma de Ouro no Festival de Cannes, considerou O tio Boonmee que se lembra das suas vidas anteriores um «sonho belo e estranho», localizado nas fronteiras da fantasia que ele próprio produz. Poder-se-á porventura receber esta criação, chamaremos onírica (ainda que tal não confirme no final) do cineasta tailandês, com os horizontes devidamente abertos como um filme que se quer, pela originalidade, fundamental.
A história, ou a antítese da mesma (parece não importar), é resumida no título, como que simplificando todo um processo de descoberta infantil, no sentido em que as fábulas do género fazem o mesmo e servem de ponto de partida para o que será contado. O filme é composto por diferentes fragmentos, viajando livremente nas vidas passadas do protagonista que se prepara para abraçar a morte, filmados, também todos eles, de maneira distinta, quebrando uma desejada continuidade, quer no argumento como na forma. E é precisamente aqui que reside o meu principal problema com este surrealismo, onde vale tudo e mais alguma coisa, e atentado à unicidade estética e narrativa: Apichatpong filma objectos diferentes, somando-os sem gerar um todo. Ainda que passe por tolerável o seu imaginário tão mitológico e religioso como realista e cru, composto por fantasmas e estranhas aparições e criaturas, caminhando pela floresta adequando a câmara à disposição da sequência, torna-se quase insuportável acompanhar a imposição dos enquadramentos após abandonarmos o nosso tio-protagonista.
O realizador abandona, assim e com este estranho filme (golpe político, puro panteísmo visual ou devaneio budista), provido de um fim irritantemente desarmonizado, uma identificação, justificada pelo mito da reencarnação / renovação. É cinema duro, para certas sensibilidades, sim, mas que não convence.
A história, ou a antítese da mesma (parece não importar), é resumida no título, como que simplificando todo um processo de descoberta infantil, no sentido em que as fábulas do género fazem o mesmo e servem de ponto de partida para o que será contado. O filme é composto por diferentes fragmentos, viajando livremente nas vidas passadas do protagonista que se prepara para abraçar a morte, filmados, também todos eles, de maneira distinta, quebrando uma desejada continuidade, quer no argumento como na forma. E é precisamente aqui que reside o meu principal problema com este surrealismo, onde vale tudo e mais alguma coisa, e atentado à unicidade estética e narrativa: Apichatpong filma objectos diferentes, somando-os sem gerar um todo. Ainda que passe por tolerável o seu imaginário tão mitológico e religioso como realista e cru, composto por fantasmas e estranhas aparições e criaturas, caminhando pela floresta adequando a câmara à disposição da sequência, torna-se quase insuportável acompanhar a imposição dos enquadramentos após abandonarmos o nosso tio-protagonista.
O realizador abandona, assim e com este estranho filme (golpe político, puro panteísmo visual ou devaneio budista), provido de um fim irritantemente desarmonizado, uma identificação, justificada pelo mito da reencarnação / renovação. É cinema duro, para certas sensibilidades, sim, mas que não convence.
Não concordo, o que gostei deste filme foi a naturalidade com que partes e estilos aparentemente desconexos são juntados.. Mas isso é mesmo questão de gostos.
ResponderEliminarFixe teres voltado a comentar, :)
Já viste o Road to Nowhere?
Vou ver em breve, depois escrevo o que achei :)
ResponderEliminarAbraço!