sexta-feira, novembro 13, 2009

:Touro Enraivecido




Tudo em Raging Bull é perfeito. Parecer-nos-ia algo incongruente sabê-lo não víssemos nós o filme, mas não há que negar nem desmentir um facto que é por demais evidente. Aliados a um argumento que, claramente, foi terna e sinceramente redigido, a uma fotografia e montagem magníficos e a uma banda-sonora belíssima encontramos uma parceria que nunca se encontrou em tão boa forma — Martin Scorsese e Robert DeNiro fundem-se num só (apreendemos com clareza que os dois estiveram para o filme em pleno) e fazem com que Jake La Motta se mostre na sua completude para o espectador mais atento. E, acima de todos os seus problemas relacionais e profissionais que vamos observando com uma necessária compreensão e tensão, acompanhamos, com ele, a luta mais importante — a que ele tem consigo mesmo, frente ao espelho da sua angústia existencial, meticulosa e literalmente traduzida numa cena final inesquecível. Um clássico do cinema absoluto e imperdível, que se coloca, indubitavelmente, no topo dos melhores filmes alguma vez feitos.
10/10

5 comentários:

  1. Angústia existencial... Talvez. Mais por parte da realização sobre a personagem do que da personagem em si mesma. Não sei se me faço entender, mas Jake La Motta não é de todo uma personagem muito dada à metafísica. Perante o reflexo do espelho, depara-se com um homem marcado e identificado pelo passado. Mas não sei se ele próprio terá consciência dos erros que cometeu e das causas da sua decadência. Sim, há angústia; em certa forma, isso é inegável. Mas não consciente.

    Quanto ao filme, é absolutamente inequívoca a tua classificação, com a qual concordo. Obra-prima. 5*

    Cumps.
    Roberto Simões
    CINEROAD - A Estrada do Cinema

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  2. Roberto,
    penso que La Motta, quando se defronta perante as trágicas consequências que as suas acções acarretaram ao longo do percurso da sua vida, se angustia metafisicamente, por já não saber bem quem é. Contudo, recorre sempre ao passado (aos mais ilustres momentos) para afogar essa tristeza. Daí a expressão que no texto referi.

    Victor Afonso,
    completamente de acordo, quer comigo, quer com o Roberto :)

    Abraços

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