quinta-feira, agosto 19, 2010
O Quarto do Filho
Que mudou no Nanni Moretti que se mostra desde Querido Diário? Que mudou no Nanni Moretti que é desde O Quarto do Filho? E que muda no Nanni Moretti quando, a todos os dezanoves de Agosto, comemora o seu aniversário? Recordei-me dele há pouco e, sabendo que hoje o cineasta conclui 57 anos, relembrei o meu preferido do italiano. Há poucas razões pelas quais posso considerar La Stanza como um dos filmes da minha vida. Agrada-me sobretudo a sua simplicidade, a sua sinceridade. Não é comum, mas universal. E daí depositar nele a verdade de uma relação de família. É sobre um pai e um filho, a morte e luto, as vivências e as recordações. A dialéctica absurda da existência humana. E o protagonista, psicanalista deparado em constância com uma das mais essenciais questões de todas – qual é o significado de tudo isto –, personifica uma rendição subtil e misteriosa, mas absoluta: a aceitação última de tudo que vai acontecendo e marcando o Passado e da impossibilidade de a entender. E é, finalmente, sobre o aproveitamento de tudo em totalidade. Daí as várias sequências do carro e da estrada. Daí a sequência final. Parabéns, Moretti.
Marcado em:
Cinema - Críticas,
Flávio Gonçalves,
Nanni Moretti
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Olá,
ResponderEliminarA propósito deste teu texto sobre o momento "bonito" que o Moretti atravessa, apetecem-me constatar que o caminho da vida é o caminho do Amor.... à medida que vamos perdendo faculdades físicas, é a memória que nos toma as mãos e alimenta o nosso lado romântico (no sentido nostálgico). Abrimo-nos para o Amor, pela aceitação da vida quase na sua plenitude, não somos vencidos, antes nos integramos no mundo, finalmente o compreendemos, quando deixamos de lhe resistir e obstinadamente lhe opôr a nossa individualidade.
Abraço!
* do blog "Cenas Gagas"
gostas de kar-wai?
ResponderEliminarZé, concordo qb. Falta-me viver ainda mais para poder (ou não) chegar a esse estado. Mas sem dúvida foi o que a personagem do Moretti fez. ;)
ResponderEliminarDiogo, gosto muito de Kar-Wai.
Não vi muitos filmes do Nanni Moretti, mas este foi, sem dúvida, um dos que registei para sempre como um bom filme.
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