Sábado realizou-se, como alguns devem saber, o mais caro Festival da Eurovisão em Moscovo, na Rússia, o qual premiou a música norueguesa de Alexander Rybak, "Fairytale". Contudo, o país e a própria organização foram alvo de muita polémica, o que não é de admirar.
Começo, obviamente, por falar das manifestações em luta dos direitos dos homossexuais ocorridas ontem, na capital. Apesar de ser hoje o dia mundial contra a homofobia, os activistas aproveitaram a presença de europeus estrangeiros e reclamaram a plena falta de direitos para a comunidade LGBT, com placas onde se podia ler "Direitos Iguais sem Compromissos" e "Homofobia é a vergonha do país". A polícia de choque não demorou a actuar: vieram após cinco minutos e terminaram por prender dezenas de pessoas. A posição das autoridades foi bem explícita: "Semelhantes manifestações não só destroem as bases morais da nossa sociedade, mas provocam conscientemente desordens que irão ameaçar a vida e a segurança dos moscovitas e dos hóspedes da capital", disse à comunicação social o porta-voz da Câmara de Moscovo, Serguei Tzoi. Entretanto, já a Igreja Ortodoxa não demorava em apresentar a sua opinião, dizendo o teólogo Kuraev claramente que "A propaganda da homossexualidade é, em qualquer dos casos, um crime contra a infância. Há vinte anos atrás, eles diziam que era preciso anular o respectivo artigo do Código Penal (na URSS, a homossexualidade masculina era castigada com três anos de prisão), porque isso tinha lugar num quarto fechado entre dois adultos e não dizia respeito a mais ninguém. Nós acreditámos e anulámos o artigo. Agora, dizem que isto diz respeito a todos! Se queriam um quarto escuro, que fiquem lá. Para que querem sair à rua?". Um óbvio atentado dos direitos humanos, a Rússia é imensamente discriminatória em relação a diferentes minorias.
Igualmente infeliz foi a censura realizada à canção da Geórgia, "We don't wanna put in" que, pelo trocadilho feito com o nome "Putin", mereceu pressões do festival para que retirasse parte da letra da música. A posição do outro país foi digna e previsível, ao abandonar o concurso. Entretanto, também a representante da Alemanha, Dita von Teese, foi pressionada a que mostrasse menos o decote na apresentação de ontem, já que a Eurovisão era um "espectáculo televisivo familiar".
Poderá ter sido o "mais grandioso espectáculo de sempre da Eurovisão", segundo alguns críticos dizem, mas claramente, por todas as razões atrás mencionadas, ainda há imensas alterações a fazer - e não me refiro, obviamente, apenas ao festival.
Para ouvirem a música que representou muito bem Portugal e que ficou em 15ª posição, cliquem aqui.
Estou pra minha vida com tamanhos preconceitos (que desconhecia existirem neste contexto)! Enfim.
ResponderEliminarPortugal esteve bem representado, sim, melhor que o costume ;)
beijinho *
Xana,
ResponderEliminaré triste, mas é verdade. E, sim, esteve bem representado. Pena que tenha ficado na ingrata posição de 15ª lugar.
Beijinho