One, two, Freddy's coming for you. / Three, four, better lock your door. / Five, six, grab your crucifix. / Seven, eight, better stay awake. / Nine, ten, never sleep again, é engraçado como uma música só pode ajudar a criar uma ambiência mais perturbadora num filme de terror. Algo semelhante foi tentado em “See No Evil” (5.5/10), embora sem os mesmos resultados que neste “A Nightmare On Elm Street”. Esta canção, saída das vozes de crianças, é tocada convenientemente ao longo do filme. E, claro, é importante pois tem uma relação muito forte com o passado de Freddy, como vemos mais à frente.
A história não é nada a que não estejamos habituados. Temos um grupo de adolescentes – entre os quais encontramos o então estreante Johnny Depp e Heather Langenkamp, ambos com interpretações muito ao nível dos slashers, ou seja, muito más – que começam ter sonhos cada vez mais frequentes com uma criatura com garras de metal. Depois de um deles ser morto, começam a levar a coisa mais a sério e apercebem-se de que estão a ser perseguidos por Freddy Krueger, um homem que morrera num incêndio às mãos da população enraivecida, anos antes e que, caso não façam algo, acabarão por morrer.
Algo que me chateou – bastante – foi mesmo a má péssima interpretação de Heather Langenkamp, que, tendo de carregar o filme às costas vivendo uma adolescente filha de pais divorciados que vive com a mãe alcoólica, não consegue em ocasião alguma estar à altura do dramatismo das cenas que protagoniza. Quanto aos restantes, pouco melhores são que ela, mas têm a vantagem de aparecerem muito menos.
Como filme de terror, “A Nightmare On Elm Street” desilude. A banda sonora – excepto aquela canção de que falei no início – não ajuda a criar um ambiente suficientemente assustador e não nos fica nenhuma cena na memória, excepto aquela em que Nancy está na banheira, que, confesso, me fez ficar nervoso enquanto a assistia. De resto, as personagens são – como habitual – burras: reparem, nessa cena, como Nancy se volta a trancar, depois de estar fora de perigo, sujeita a, caso fosse atacada de novo, dificultar a tarefa da mãe em ajudá-la, por exemplo. O confronto final é desperdiçado, na medida em que não consegue gerar uma tensão digna do acontecimento. É tudo muito habitual, portanto.
Contando com um final que nos deixa minimamente intrigados, o filme tem o mérito de nos apresentar uma das personagens mais carismáticas dos filmes de terror – contudo, devo dizer que Freddy me assustou mais no “Freddy Vs Jason” (6/10) do que neste –, de provar que Wes Craven, que o realizou e escreveu, já teve, em tempos, talento para isso, e de nos mostrar a evolução de Johnny Depp como actor ao longo da sua carreira – ganhou de mim um renovado respeito, até. Temos que ter em conta que, na altura do seu lançamento, há 24 anos, o filme terá sido uma pedra no charco, como foi também “Halloween”. Agora, vê-se, simplesmente.
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