Que belo exercício de contemplação e consagração a nível do amoroso e intelectual. Numa pequena vila algures no sul de França constroem-se personagens e pessoas, relações e performances doces e intrigantes pelas mãos de André Téchiné. À falta de conhecimento da restante obra do realizador (ainda) posso afirmar que Téchiné é uma revelação. É uma revelação na medida em que completa uma narrativa complexa à volta de quatro personagens dotados de uma forte relação interior individual, e ainda assim permite ao espectador a criação de uma ligação próxima com eles, pela especificidade de cada um e a globalidade abrangente do conjunto. Aqui fala-se de política e interesses culturais, mas mais que isso da juventude, do amor e do auto-conhecimento e descoberta de amizades e motivações, com as selvagens paisagens de um lugar por corromper como pano de fundo, lugar esse onde os corpos se podem sentir na totalidade sem as ambiguidades e desdéns trazidos pelos grandes meios urbanos, e onde cada um é livre da sua interpretação e fascínio. Aqueles que teriam todas as condições para um progressivo afastamento aquando a chegada a uma idade de diversas obscuridades como é a adolescência, neste Juncos Selvagens aproximam-se - melhor, complementam-se, numa completa e magnética reflexão a que o filme se propõe.
As imagens de um éden idílico não param de surgir, e o espectador é levado a viajar e contemplar lugares e corpos cujas curvas e intenções se mantêm sagradas, enquanto fora daquele sítio guerras e tensões continuam a insurgir o seu destaque no que é o estado do mundo actual.
As imagens de um éden idílico não param de surgir, e o espectador é levado a viajar e contemplar lugares e corpos cujas curvas e intenções se mantêm sagradas, enquanto fora daquele sítio guerras e tensões continuam a insurgir o seu destaque no que é o estado do mundo actual.
Um filme admirável, sem dúvida.
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