tag:blogger.com,1999:blog-6932862736198430305.post2560432968782910751..comments2023-06-04T22:16:08.681+01:00Comments on O Sétimo Continente: No princípio era a...Flávio Gonçalveshttp://www.blogger.com/profile/16900484261665114616noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-6932862736198430305.post-27531952869171501942012-04-11T20:00:41.539+01:002012-04-11T20:00:41.539+01:00A citação do João Lopes é extremamente interessant...A citação do João Lopes é extremamente interessante e espelha bem um receio que eu próprio tive nos pirmeiros instantes do "Paraíso", aliás, na minha opinião, espelha muito bem o que falha redondamente num outro filme mudo-sonoro que falei no meu texto, "Anatahan" de Sternberg. <br /><br />Agora, penso que o Miguel Gomes consegue fugir à questão da narração como presença totalitária da imagem, quando joga com o som a dois níveis: primeiro penso que a narração off do Ventura pontua a narrativa, articula as imagens, não as comenta ou se sobrepõe a elas como acontece num jogo de futebol; segundo, as imagens não são totalmente mudas, apenas à palavra diegética é suprimido o som. Este segundo aspecto "alivia" a meu ver o peso da narração off, extradiegética, sem contudo retirar a sua dimensão de "história contada", que simula, com grande encantamento, o tal folhear de um álbum fotográfico antigo, gesto ritualizado aos olhos de quem vê, exercício de memória para quem conta as histórias escondidas nas imagens, muitas vezes, e no caso, a meu ver, sobretudo, "entre as imagens". Penso, por isso, que a palavra nunca "abafa" a imagem, pelo contrário, articula-a numa montagem mais ou menos mítica, porque, na minha opinião, está sempre implícito no "Paraíso" esse gesto de "virar de página" (mui analógico) do álbum degradado de fotografias. Um álbum que, como o livro de crianças em "A Cara que Mereces", não tem existência "de facto" no filme. <br /><br />O cinema do Miguel Gomes é muitíssimo complexo, cheio de efeitos, e, por isso, também eu receio que caie, no instante seguinte, nos lugares comuns da transmissão televisiva, também ela hiper-saturada de efeitos de som e imagem - montra excelente, aliás, de todos os gadgets existentes de montagem e realização.<br /><br />Quer dizer, no fundo, percebo o que dizes, porque não está longe de um receio que eu próprio tive durante o visionamento do filme. Mas, como digo, o Gomes, numa fórmula muito complexa, consegue sempre (pelo primitivo) dar a volta aos lugares comuns do audiovisual.<br /><br />Cumprimentos!Luís Mendonçahttps://www.blogger.com/profile/05872344515759593144noreply@blogger.com