sábado, setembro 10, 2011

MOTELx 2011 (3): Das bananas assassinas aos motards

Sexta-feira no MOTELx é dia para começar a descobrir a primeira sessão de curtas-metragens portuguesas. Filme com uma boa ideia inicial mas com um desenvolvimento de personagens e de narrativa incongruente e, em dados momentos, risível (ainda que não fosse o seu objectivo), Ensinamentos para a Vida Adulta, escrito e realizado por Ernesto Bacalhau, ficou aquém das expectativas, ainda que, podemos considerá-lo, o pior trabalho da sessão estaria ainda para chegar: A Cabra, de Carlos Pedro Santana, filme com toques sobrenaturais que não consegue ser nada mais para além de um filme acriançado. As duas boas surpresas foram, portanto, a curta de animação Os Milionários (Mário Gajo de Carvalho), verdadeira parábola sobre os limites ganância humana que apenas peca pelo ritmo expansivo, e Banana Motherfucker, escrito por Pedro Florêncio e co-realizado com Fernando Alle, um verdadeiro disparate de filme que, ao não cometer o erro de se levar a sério, acaba por ser a melhor curta até agora projectada pelo festival. 

Seguimos para a sala Manoel de Oliveira, onde Cannibal foi projectado, antecedido por Yukiko, um pequeno filme perfeitamente esquecível por causa do mote ter sido mal aproveitado. Primeiro filme belga realizado e escrito por Benjamin Viré, Cannibal debruça-se sobre a descoberta do amor entre um agorafóbico e uma antropófaga que seria mais interessante não fosse a fraca exploração de personagens, a criação artificial de uma história paralela e a variação cromática, perfeitamente supérflua, do filme, como se nos obrigasse a entrar noutro diferente. 

Acabada a desilusão, estreou no MOTELx a curta-metragem Feliz Aniversário (a repetir hoje às 13:15), escrito e realizado por Jorge Cramez. Ainda que bem interpretado (Eduardo Frazão e Filipa Marcos ainda vão dar que falar no futuro), filmado e montado, os acontecimentos a partir da segunda metade do filme tornam-se, mais que invulgares (citação ao humor de Laranja Mecânica?), inconsequentes e sem razão de ser (exige-se um background de personagens que não nos é dado. Um pouco como o que aconteceu com The Violent Kind, a maior decepção do dia de ontem, que antevia uma longa-metragem interessante e desafiante. Em vez disso, o filme, elegíaco aos motards, é uma mescla desastrosa e imponderada de ficção científica e espiritual e de terror infundamentado. 

Descemos para a sala 3 e, após algumas palavras ditas por Eli Roth, que se encontrava presente na sessão, assistimos a The United Monsters Talent Agency (crítica aqui) e ao satisfatório segundo episódio de Hostel, que deixou a sensação de que vale a pena rever, em grande ecrã, aquilo que é para ser visto em cinema.

1 comentário:

  1. Caríssimo, venha participar do nosso novo teste cinematográfico. Katharine Hepburn é o tema.

    O Falcão Maltês

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