quinta-feira, junho 30, 2011

Os números do cinema português

01 – «O Crime do Padre Amaro», Carlos Coelho da Silva (380.671 espectadores – 1,643 milhões de eur)
02 – «Filme da Treta», de José Sacramento (278.853 espectadores – 1,092 milhões de euros)
03 – «Call Girl», de António-Pedro Vasconcelos (232.581 espectadores – 1,034 milhões de euros)
04 – «Corrupção» (230.741 espectadores – 1 milhão de euros)
05 – «Amália – O Filme», de Carlos Coelho da Silva (214.259 espectadores – 929 mil euros)
06 – «Uma Aventura na Casa Assombrada», Carlos Coelho da Silva (124.936 espectadores – 558 mil eur)
07 – «A Bela e o Paparazzo», de António-Pedro Vasconcelos (98.748 espectadores – 435 mil euros)
08 – «Second Life», de Alexandre Valente e Miguel Gaudêncio (90.194 espectadores – 403 mil euros)
09 – «Contraluz», de Fernando Fragata (82.426 espectadores – 373 mil euros)
10 – «Sorte Nula», de Fernando Fragata (74.095 espectadores – 305 mil euros)
Carlos Coelho da Silva
No seguimento da publicação anterior, será interessante debruçarmo-nos sobre os filmes que mais receita e espectadores fizeram até agora no cinema português. Pedindo emprestadas as palavras de João Botelho, há uma falta de “educação” cultural que apetece dizer que é promovida pelo próprio Governo que, na minha perspectiva, deveria estar mais atento, para além de outros aspectos como as formas de distribuição, na divulgação do seu cinema como parte da identidade nacional. Ou será que o povo português é o espelho de “O Crime do Padre Amaro”, do “Filme da Treta” ou do “Call Girl”? A questão é contudo mais profunda do que aqui parece querer fazer-se parecer. Na verdade, António-Pedro Vasconcelos e Fernando Fragata representam a tentativa de transformar a pouca produção cinematográfica em Portugal em indústria, conceito que está a anos-luz de encontrar uma forma como a que existe nos Estados Unidos da América. E o escasso e comum consumidor do cinema português, alheio às produções independentes, procura aquilo que os exibidores mais gostam de projectar em sala, tendo em atenção o número de bilheteiras: uma fórmula próxima do protótipo norte-americano, que lhe garante entretenimento. Será por isso urgente, ao mesmo tempo que se implementem medidas baseadas na produção de mais filmes e sobretudo de jovens realizadores (e não tanto de veteranos), que a política governamental relativa ao cinema nacional co-relacione os sectores da Educação e da Cultura, implementando programas nas escolas que levem aos alunos, com a mesma urgência com que aprendem as ciências e a literatura, novas formas de artes visuais, como é o caso do cinema, divulgando a sua História, os seus principais objectos e aquilo que é o cinema português, expressão que se encontra cada vez mais esbatida pelo esquecimento, ódio e incompreensão.

3 comentários:

  1. Não creio que possas comparar o cinema à literatura, à ciência. Aliás, como te digo, acho autoritário e, portanto, impensável o ensino e a educação para o cinema em qualquer estádio de ensino. Muito especialmente tendo em conta a controvérsia que sabemos que existe em relação aos padrões de qualidade dos nossos "artistas".

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  2. Não concordo. Acho importante a divulgação de todas as formas de cultura portuguesa, como o cinema. Literatura não está acima do cinema ou da música. Vejo uma ignorância alarmante nos alunos portugueses, que não sabem o que têm. E, Diogo, quando falas nalguns padrões de qualidade dos nossos realizadores, penso que devo deixar bem claro que a educação pelo cinema não deveria partir pela exaltação do actual panorama de criadores em Portugal - até porque muito poucos, a bem dizer ninguém dos que entrevistei, merecem essa consideração. Falo, sim, de aprender a história do cinema, de pôr os alunos a ver Lumière, Meliés, os clássicos norte-americanos, franceses e alemães, as produções portugueses feitas no Estado Novo... e pôr os alunos a fazerem pequenos filmes, tal como desenham ou escrevem, ganharem o gosto de saber o que está por detrás de todos os efeitos que vêem atrás dos blockbusters dos EUA.

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  3. Ah, no caso de falares de algo global, as coisas mudam um pouco de figura. De qualquer forma, acho muito discutível. Tudo merece atenção, partindo daí. Devemos pôr os alunos a escrever mesmo, a esculpir, a jogar todos os desportos. As coisas não se passam assim. Não há sequer esse tratamento dado à Literatura. Há umas obras obrigatórias que tem de se ler, nada mais. Há um buraco entre o "ser" e o "dever ser" que às vezes é demasiado confuso para que nos deixe distinguir um do outro.

    Mas é discussão a ter em sede mais apropriada ;)

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