sábado, abril 23, 2011

Last Night


O filme debutante de Massy Tadjedin, que o realiza e escreve, é uma daquelas agradáveis surpresas que a afirmam no campo dos dramas românticos ocidentais e que valem a pena descobrir. Tendo a receita completa para poder falhar redondamente (pela própria reciclagem temática), Last Night debruça-se sobre a fidelidade matrimonial associada às experiências do passado e aos desejos do presente, questionando as fronteiras morais das acções dos cônjuges e, observando-as com olhar tranquilo e adequado às emoções das personagens, compreendendo a insurreição das mesmas. Mais que adoptar um ponto de vista crítico ou que aproveitar a via fácil de quem merece ser culpado ou inocente, a realizadora, de ascendência iraniana, prefere respirar por momentos. Filma os actores como se os dedicasse a eles – e Keira Knightley, mais que qualquer outro, é o filme. É perante uma interpretação sofrida, diante de uma mise-en-scène própria dos filmes contemporâneos mais delicados e atentos, que Tadjedin vislumbra uma possível liberdade no suspiro final da actriz. O futuro, o desenlace, o clímax, para ambas, parece não ser importante, porque, apesar de o título remeter para o que é passado, estamos perante um hino para aquilo que é presente, efémero e verdadeiro.

4 comentários:

  1. Já queria ver o filme só pelo poster (e porque gosto da Keira) mas deu-me imenso prazer ler estas tuas pequenas considerações. Agora sim, não falhará.

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  2. Muito bom texto. Boa review, curta e de grande sintese. Gostei, tal como adorei o filme.

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