terça-feira, fevereiro 23, 2010

Singular

Um dia, talvez, venha a descrever, por simples e redutoras palavras, a experiência que foi viver tamanha perfeição. Não caio em exageros - Um Homem Singular, a estreia no cinema do designer de moda Tom Ford, é Arte, Arte no seu estado pleno e sublime... uma reflexão belíssima e intemporal, como há muito não via, sobre o amor, a vida, a morte, a beleza do mundo e a condição humana, perdida na monstruosa sombra do medo e da aparência. Que feito indescritível... Sem precedentes e singular. Verdadeiramente singular.

17 comentários:

  1. Ui, deixaste-me bastante curioso. Já sabia que a prestação do Colin Firth era considerada uma das melhores do ano, mas todas as críticas que vi do filme apontam para que seja sublime. Espero ter oportunidade de ve-lo quanto antes.

    Abraço

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  2. Oh pah, isso só pode ser preguiça, porque a tua capacidade escrita fará com certeza jus ao filme.
    Venha a crítica que já me convenceste!

    Abraço ;)

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  3. Concordo, muito mesmo. É extremamente difícil fazer jus à experiência de ver o filme. É soberbo, único... singular. Hei-de rever o filme outra vez, claro.

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  4. Para concordar só me falta ver o filme :P Vi a nota e fiquei um pouco surpreendido, embora sempre tenha visto este projecto como algo de bastante especial. Espero pelas minhas confirmações.

    Abraço

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  5. O livro é interessante, mas nada de grandioso.
    Sabes bem o quão percebo esse sentimento inefável provocado pela magia do cinema. Talvez desperte algo semelhante em mim, mas confesso que tinha mais expectativas antes de ter lido o livro, que me desiludiu um pouco.

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  6. Agora ergueste a fasquia em relação ao filme!
    Todos falam bem deste filme que, ao que parece, contém mais que boas interpretações!

    Abraço
    http://nekascw.blogspot.com/

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  7. Ai, por favor flávio, "a experiência que foi viver tamanha perfeição". um bom filme, noção plena de cinema (ainda que não aplicada na sua totalidade...), uma verdadeira surpresa por parte do Ford, Firth como nunca antes - talvez em Valmont -, Julianne Moore que devia ganhar o Óscar... tudo muito lindo, mas o filme vive muito das tristes aparências e de um desejo de mostrar o 'gay world' como uma coisa bela e poética. Até o consegue, mas daí uma 'reflexão belíssima e intemporal'...ainda lhe faltou um pouco. Sim é arte, e é a plástica do filme que lhe adquire tal estatuto, mas estamos a falar de cinema, e quando um filme aposta (quase) tudo o que tem na forma de mostrar o que não há para mostrar - ou está mal construído - (e estou a falar do enredo propriamente dito, claro), perde uma parcela fundamental do que o podia levar a transformar-se num clássico em toda a sua plenitude. Ou sou eu que continuo sem perceber o propósito mais intimista do filme, ou então ele é mesmo demasiado intimista, e assim sendo, um bom filme caseiro teria resolvido o problema do Tom Ford. XD Muito bom filme, extraordinário e uma das melhores obras no que se refere ao mundo LGBT no cinema, um novo 'Querelle' até, mas melhorado, ainda assim, falta-lhe o reconhecimento do público geral que só conseguiria tendo um suporte temático extraordinariamente intemporal e global como, por exemplo, 'Pulp Fiction'. contudo, 9 em 10... muito bom. e espero por uma crítica mais, não diria assertiva porque esta já o é !!, mas completa. ;) ah, e continuo a achar que devia ver outra x o filme...

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  8. Tb gostei bastante, e quando uma pessoa sai da sala os primeiros comentários são sempre para a estética extremamente cuidade e que é cada vez mais raro em filmes. Para primeira obra, Tom Ford faz corar muitos realizadores experientes. Colin Firth conseguiu o papel da sua vida, mas é uma completa injustiça que nao tinha sido nomeado para melhor filme e que a Julianne Moore tenha ficado de fora. Mas mesmo assim, fica como um marco no cinema deste ano.

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  9. AlexSupertramp, o filme é, sim, sublime e o Colin Firth está magistral... aposta na contenção emocional e não no histerismo novélico e fácil, o que o torna, assim, num grandíssimo actor. Deves ver.

    Jackie Brown, fico muito lisonjeado mesmo com o elogio mas não me sinto preparado para falar de algo de tão bom. Talvez no futuro ;)

    Tiago, singular ;)

    Filipe, pude já ler a tua crítica e sabes bem que concordo com ela. Fico muito contente que tenhas gostado! :P

    Jackson, ok.

    Rúben, pudemos já conversar sobre o que acabas de falar. Tens de ver o filme, para a semana talvez.

    Paulo, parece que entramos em desacordo relativamente a diversas coisas. Seguindo o teu discurso - Qual é a "plena" noção de cinema? (como expressão artística, não deve este contar com a subjectividade estilística e afins?). Esta grande, grande obra não vive das "aparências" que chamas, infelizmente, de "tristes. Quando te referes à estética, posso-te garantir que, embora não se limite a esta, acaba por se expressar como ponto fulcral para o entendimento geral do filme. Se navegas entre os tons cinzentos e sépia (para simbolizar a insipiência de um mundo altamente mascarado) e os tons fortes e coloridos (para demonstrar a vida, a energia, as emoções), então é óbvio que as "aparências" se tornam essenciais, pois têm uma linguagem própria que é necessária. Também me dizes que o filme vive "de um desejo de mostrar o 'gay world' como coisa bela e poética", que é um absurdo! Embora reconheçamos, entre nós, que a obra literária que sofreu a adaptação por Tom Ford foi fulcral para a chamada libertação cultural dos homossexuais nos anos 60, temos igualmente de ver que os temas principais que são tratados aqui transcendem a preocupação de caracterizar o "gay world" (como "Milk", de Van Sant, o faz e bem). George, a personagem caracterizada por Colin Firth, podia perfeitamente ser heterossexual e ter perdido uma mulher. O género não é, de todo, importante, daí não caracterizar este como o chamado filme LGBT. É mais - muito mais - que isso: é uma película que trata o luto, a morte, a redenção, o sufoco e falsidade sociais, a interiorização da beleza de um mundo não sentido e intelectualizado, a passagem irredutível do tempo e a desvalorização corpórea do que nos é oferecido no quotidiano em matéria de sensações, ligações interpessoais, etc. Este é um daqueles casos que toca a universidade - ao contrário do filme que referes, Pulp Fiction, que dizes ser "extremamente intemporal e global". Pois eu considero-o, a esse, um trabalho bem executado, extremamente inteligente, e um fenómeno sem precedentes a nível cinematográfico - mas, no seu "suporte temático", em nada roça a universalidade - e não nos esqueçamos que não vai ser o reconhecimento geral de um público maior que conferirá ou retirará este carácter a uma obra de arte, que se pressupõe completa desde o momento que uma só pessoa a veja, a sinta e reconheça o seu valor. Quanto à crítica, um dia destes virá. Obrigado pela sugestão do filme de Rainer Werner Fassbinder. E vê de novo o filme!

    Bernardo, estou de acordo contigo, plenamente. A Academia tem fomentado grandes injustiças, o que denigre cada vez mais a sua imagem de se seguir pela popularidade. Fica como marco no cinema dos últimos tempos, sem dúvida!

    Abraços a todos os leitores ;)

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  10. Estou ansioso pra assistir, a premissa me parece perfeita.

    Abraço, sumido Flavio!

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  11. Qual quesito e critério pro Apimentário entrar aqui na lista de blogs amigos?

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  12. Já tinha ouvido coisas bastante boas sobre o nível das actuações deste filme, mas nunca pensei que o filme em si fosse assim tão bom e me deixasse com tanta curiosidade o que se deve ao teu texto!

    Irei conferir brevemente esta obra e conto deixar aqui depois o meu testemunho.

    Abraço

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  13. Cristiano, tenho a certeza de que vais gostar bastante, atendendo aos teus gostos no blog. O requisito é identificarmo-nos com o espaço, apenas e só - daí colocar o seu blog na minha lista, agora.

    Daniel, conto então a tua participação neste espaço. Espero que não saias desiludido! ;)

    Abraços!

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  14. Fartei-me de tecer elogios ao filme que é, evidentemente, muito bom. Claro que é uma obra de arte, e sim, como já disse, a requintada forma como foi tratada a imagem é essencial para que esta concepção seja verdadeiramente conseguida. Contudo, e de certo entendes tão bem ou melhor o cinema quanto eu acho que o entendo, percebes muito bem que a verdadeira essência (se bem que sendo susceptível de variadas interpretações mais pessoais) está, como em todas as formas de expressão artística, e como tão bem dizem personalidades como Duchamp ou Kandinsky, na máxima decomposição de elementos acessórios a uma obra para que estes possam dar lugar ao que realmente é importante na mensagem da arte. Dito isto, o que queria que tu percebesses quando me referi às 'tristes aparências', é que toda aquela variação cromática que podemos observar, e que funciona de maneira a enaltecer a intencionalidade da película, não deveria ter sequer esse propósito. Um filme deve ser explícito o suficiente sem que para isso tenham de ser utilizados elementos que diminuam o trabalho do espectador na sua tentativa de perceber a narrativa. Tom Ford fez muita coisa que eu sonho em fazer enquanto realizador e percebe-se que pensou intensivamente em todos os pormenores do filme, entretanto, há elementos (como o das variações dos tons), que são simplesmente indispensáveis à construção da narrativa - e é por isso que ele (o filme) é tão bom, porque não precisava desses acessórios para nada, contudo, lá estão eles a fazer as delícias dos espectadores que, não estando habituados a um trabalho tão perspicaz ao nível do tratamento visual como o que 'a single man' apresenta, ficam absortos com 'a qualidade'. Não estou a ser 'picuínhas' ao pegar numa coisa aparentemente tão irrelevante, só que acredito que o filme não precisava destas coisas para mostrar a sua qualidade.
    Quanto ao meu comentário relativamente ao carácter social que o filme tem - porque o facto de nos ser mostrada uma relação homossexual não é nada mais nada menos que um factor que nos remete para o carácter social -, se pensares bem, não é assim tão absurdo. Tu bem podes tentar dizer a ti mesmo que ias gostar do filme da mesma forma se fosse retratado um casal hetero, mas tanto tu quanto eu sabemos que não é bem assim. Parte das expectativas que muitos de nós criamos não surgiram pelo facto de o Tom Ford ser um óptimo designer - não me acredito que grande parte das pessoas o conhecesse até -.- - e por o querermos ver a dirigir um filme, nem pelos actores porque apesar da Moore ser sempre o 'estalo' de grandiosidade que é, o Collin Firth nunca se mostrou tão poderoso como neste filme nem o Nicholas Hoult era conhecido sequer... Foi sim pela adaptação do romance que é um marco no mundo gay, e por o Tom Ford ser gay, e pelo filme retratar tão bem esta relação tão venusiana e tão gay!! Algum mal nisso? - Não! Era o que o 'pessoal' estava à espera - finalmente um filme desta qualidade e reconhecimento a mostrar um certo tipo de relação que todos nós conhecemos mas de que ninguém gosta de falar. Não me venhas dizer então que é um absurdo colocarmos a questão da importância social do filme no que diz respeito à forma de como grande parte das pessoas vêm um relação homossexual e como esta foi retratada no filme - com tal brilhantismo e beleza: os gays e bissexuais que viram o filme saíram mais confiantes da sala porque afinal o seu amor é cândido o suficiente para ser aceite, os heterossexuais que viram o filme, saíram da sala a pensar que afinal não tem tanto mal haver dois homens ou duas mulheres que se amem – e aqui se mostra a importância social e cultural que o cinema ganha, logo, não é um absurdo.
    E desculpa pela forma como escrevi isto, mas não tive tempo para refazer o comentário. ;)
    Ah, e havemos de discutir o filme pessoalmente. Há muita coisa que aqui não digo, e as pessoas percebem-se melhor num contacto mais directo.

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  15. Paulo, li atentamente o que escreveste e espero então pela discussão pessoal, pois entendo e identifico-me bem com as tuas razões. E confesso que até estava a gostar!

    Um abraço ;)

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