domingo, janeiro 31, 2010

Fevereiro & Michael Haneke

O primeiro mês do ano já lá vai, marcado pela mudança de blogue e pela homenagem ao grande cineasta Federico Fellini. Se, em Janeiro, presenciamos o surrealismo, a magia e o para além daquilo que seria imaginável, então Fevereiro estará sinalizado por um grande antagonismo. Apresentamos aos leitores Michael Haneke - o recém-preamiado com a Palma de Ouro, em Cannes, pelo seu último grande filme "O Laço Branco". Afirmada e afincadamente realista, Haneke iniciou a sua carreira como produtor de televisão até desta se tornar um feroz crítico, demonstrando como a pequena caixa, tal como toda a evolução tecnológica subjacente, seria determinante para uma mudança irreversível nos comportamentos do ser humano. Haneke é, portanto, mais do que um cineasta - é um antropólogo, clínico, analítico, estudando o que de pior (e melhor?) tem o novo Homem moderno. Será, pois, um mês que proporcionará, pelos filmes visualizados, grandes reflexões, pois estamos perante uma figura cuja obra merece um estudo sincero e deveras atento. Não fosse ele a dar a este espaço o título - O Sétimo Continente.

Assim, não deixem de passar pelos blogues CINEROAD, seeSAWseen e Split Screen, tal como o do nosso convidado deste mês - Literatura e Cinema. A todos eles desejo bons filmes e um bom mês de Fevereiro, tal como aos nossos leitores, claro está! Entretanto, não deixem de (re)ler as críticas já compostas aos filmes de Michael Haneke:

sexta-feira, janeiro 29, 2010

Expectativa

É a melhor palavra para descrever a minha relação com o filme. Face à recente estreia da semana, o jornal Público dedicou hoje, no seu suplemento cultural de grande qualidade - o Ípsilon -, as atenções para "Anticristo", o filme de Lars Von Trier que competiu em Cannes para a Palma de Ouro e, de lá, levou um prémio de melhor actriz para Charlotte Gainsbourg (que, ainda que não brilhando, esteve muito bem em 21 Gramas). Muita tinta correu e muitos "dedos se gastaram" por causa do filme do "melhor realizador do mundo", segundo palavras suas, mas é tempo agora de voltar atenções para o modo como recebe Portugal este acontecimento - se podemos tomar como exemplo de um positivo acolhimento à película com a crítica no blog Split Screen (ver aqui), também podemos ler, de seguida, uma opinião negativa (das várias no jornal), na íntegra. Foi escrita por Luís Miguel Oliveira, que lhe atribui 1 estrela - o correspondente a "medíocre":
"Anticristo" não é um filme feito para se ver, é um filme feito para se falar sobre ele. Oferece a cana, o anzol e o isco: tem imenso para "interpretar", fará furor em sessões com "debate".

Os filmes - certos filmes, como o "Anticristo" - chegam às salas cada vez mais "cheios", saturados pelas ideias feitas postas a correr sobre eles, e reproduzidas ad nauseam pela Internet fora. Até o mais vacinado acaba por se deixar convencer. Sobre "Anticristo", tanta cantilena se lê sobre a sua "beleza visual" (ou coisa que o valha) que se chega a considerar essa possibilidade. O choque é mais violento assim. "Beleza visual"? Aonde? Naquele prólogo obsceno, com lógica de vídeo-clip (para uma canção de Händel, ah bom, coisa séria) e visual de spot publicitário, que liga um grande plano do "diálogo" dos órgãos genitais do casal protagonista (Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg, aí convenientemente substituídos por próteses e "body doubles") à morte de uma criança, tudo ao "ralenti"? Na natureza (as florestas) dos capítulos intermédios, onde von Trier pretende (ver dedicatória nos créditos finais) pagar uma "dívida" qualquer a Tarkovski, sem perceber (ou percebendo muito bem) que aquela fotografia delambida (o operador foi o mesmo do "Slumdog", chama-se Anthony Dod Mantle, benza-o Deus) está para Tarkovski (e para Sokurov, e para os caspardavidfriedrichianos e outros adeptos da natureza nórdica em geral) como um autêntico "anticristo"? Não é o caos que reina, como diz o título de um dos capítulos, é o mau gosto, puro e simples, ou pior, estilizado e rebuscado. O feio pode ser tão belo como o belo, e o que von Trier quer mostrar (?) é que o belo contém o feio (como a corça com o feto morto pendurado), mas o que se vê é o enjoo do feio embelezado. Tanto pior se é preciso explicar melhor.

Os fantasmas nórdicos acumulam-se (acotovelam-se) em "Anticristo", cinema, teatro, e "temas" (o sexo, o casal). Longa sessão terapêutica de um casal - refugiado no "Éden", claro - para tentar distinguir a sexualidade da culpabilidade que no prólogo lhe foi associada (por negligência "orgástica", digamos), "Anticristo" vive de psicoterapia sobre-explicada, diálogos cheios de retórica (profundamente maçadores) e cenas de sexo agressivo. Começa como Bergman, aproxima-se de Cassavetes, rouba ideias (a bruxaria ligada ao desejo feminino) a um velho filme dinamarquês (o sublime "A Feitiçaria Através dos Tempos", de Benjamin Christensen, que von Trier obviamente conhece), acaba à tesourada tipo Oshima. Pena já não estarmos em 1975. "Anticristo" não é um filme feito para se ver, é um filme feito para se falar sobre ele. Oferece a cana, o anzol e o isco: tem imenso para "interpretar", fará furor em sessões com "debate".
A "terapia" von triêrica é, pois, motivadora de crescente antagonismo. Dificilmente haverá um meio termo possível. Mas não será, talvez, isso que eleva um artista, na sua totalidade? Após um excelente Dogville (crítica), um bem recebido Dancer in the Dark (crítica) ou um perturbador Os Idiotas, estou em crer que sim, tal como sou da opinião que Anticristo será o mais extremo dos filmes do cineasta anti-tudo. A expectativa não podia ser maior. Mas, diz já o ditado popular, quanto maior a subida...

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Apresentação



Em primeiro lugar, deixem-me partilhar a nostalgia que sinto neste momento. Há quanto tempo eu não escrevia um post? Há quanto tempo é que eu não entrava no blogger e escrevia neste rectângulozinho que me traz tantas recordações fantásticas? Há muito. Mesmo muito. Voltar a escrever aqui traz-me um sentimento de conforto enorme, é como voltar a um pouco da minha home.
Pronto, deixemos os desabafos para outra ocasião, passo a apresentar-me. Obrigado Rúben, por não me anunciares - sabes que odeio spoilers. Bem, que hei-de eu dizer? Chamo-me Sandra e sou a mais nova dos três. Além de ser a mais nova, sou a mais baixa e a mais feminina (será?). Partilho das paixões já anteriormente enunciadas, entre infinitas outras. Os temas dos meus futuros posts serão da mais variada natureza, pelo que não posso fazer qualquer tipo de previsão, a menos que consulte os astros. Outra previsão que não me é possível fazer é quanto à minha assiduidade. Vou tentar, prometo, ser o mais assídua possível... mas o tempo é pouco. O que podem esperar mais de mim para além da imprevisibilidade? Não posso prever.
Pronto, e por hoje não vos posso escrever mais... isto foi só em jeito de rapidinha para que me apresentasse. Bem vinda eu e bem vindos vocês ao Sétimo Continente.

quarta-feira, janeiro 27, 2010


Quando o cinema se desconstrói numa lógica ilógica, a que se junta o facto de ser, igualmente, revolucionária, ambiciosa e livre, e, depois, se une como arte em estado bruto, então origina-se e põe-se-nos defronte a uma das obras mais preciosas de sempre: 8 ½.

Perante todo o convencionalismo e rigidez normativos na sétima arte e respectivas leis da perspectiva, narrativa e coesão, muitos e necessários foram aqueles que impuseram no público novas visões, algumas delas provocatórias como foi o caso do dadaísmo de Duchamp, ou da introdução da Nouvelle Vague francesa no mundo. Neste contexto, Fellini apresenta o seu filme mascarado no seu protagonista, também ele um cineasta, denunciando a necessidade de fuga da padronização exuberante do cinema. Três anos depois da apresentação da película italiana, Bergman também se demarcava com o excelente e inesquecível Persona, perfeito exemplo do que acabamos de falar. Porém, o italiano pode considerar-se um caso à parte. Com belíssimas interpretações, fotografia e banda sonora que fazem juz à sua qualidade narrativa, “8 ½” não é, simplesmente, do ponto de vista formal, algo de subversivo. É, sim, o confluir de todo um surrealismo próprio do realizador e, como óbvio acaba por ser, da sua vida. É, talvez, por isso que Guido nos parece tão verdadeiro e tão vivo — é nele, afinal, que habita o resultado de uma profunda introspecção realizada por Fellini. Sensível como um auto-retrato de Mattia Moreni, é ele que move o espírito do seu criador e se apresenta ao espectador mais deliciado.

Nele, vemos aquilo com que este enfrenta diariamente, fruto da sua personalidade: a abulia, o cansaço e o desencanto máximo da realidade; a consequente tentativa de fuga desta por via do cinema, meio conciliador da sua redenção com uma vida que lhe parece insuficiente e, ao mesmo tempo, sufocante. É também pelo facto de estar atrás de uma objectiva que Guido Fellini, unido como se de Pessoa e Campos tratasse, recorda, uma vez mais, os desejos e medos recônditos de uma infância distante, inocente e mágica, fundindo-os e confundindo-os numa realidade monótona e disfuncional (representada, neste caso, por um casamento mal sucedido ou por uma luta constante por uma saúde plena).

A nostalgia doente do realizador (qual deles?), que servirá, também e por exemplo, para reavivar uma consciente crítica à sociedade católica italiana, alia-se à interminável busca pela liberdade e pela consolidação de uma identidade que talvez nunca chegou a ser formada na totalidade. Pela busca de uma ultra-realidade, misteriosa e mágica, sem tempo para tempo, onde o impossível se torna possível, onde a vida se demonstra interminável e pura. Perspectiva-se, então, o referido pelas metáforas visuais, pelas burlescas personagens com que tudo parece suceder, e pelas reflexões feitas pelo diálogo ou pela acção, das mais pequenas às mais dançantes circunstâncias. Nesta autêntica obra-prima, a realidade é, simplesmente, o túnel onírico que medeia a inexistência da metafísica e o mistério imaginário da vida. Caberá a nós, aqui e agora, decidir se o queremos atravessar.

9/10
+Críticas da iniciativa "Janeiro & Federico Fellini" ao mesmo filme: 

terça-feira, janeiro 26, 2010

O líder das bilheteiras?


Se, por um lado, parece não haver dúvidas sobre as receitas astronómicas - mais do que titânicas, podemos agora admiti-lo - de Avatar, questões haverá numa definição consensual dos filmes com mais receitas na História da sétima arte. Num momento em que reina um histerismo anormal em volta de uma película que pouco me diz (crítica), parecerá algo de verdadeiramente chocante admitir que até Branca de Neve e os Sete Anões ultrapassa o sucesso do blockbuster. Para o entenderem melhor, sugiro-vos uma atenta leitura do artigo de João Lopes no DN de domingo passado, publicado no seu blog sound + vision. Aqui.

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Um naufrágio n'O Sétimo Continente...


Bem-vindos a O Sétimo Continente!

Criado, dirigido e escrito por Flávio Gonçalves, Rúben Gonçalves e Sandra Esteves, este blogue, mais um em centenas no mundo da Internet apaixonada pela cultura,  reunindo publicações diversas de sítios anteriores (como, por exemplo, Flavio's World e Pipocas e Outras Tretas), propõe tratar qualquer tema que nos propicie interesse - sobretudo, claro está, o cinema. Somos, pois, cinéfilos natos (não fosse o título deste espaço, que referencia, directamente, um excelente filme de M. Haneke - crítica aqui - e que ilustra bem a nossa relação com o mundo), amantes da literatura e de todas as restantes artes, não deixando, ainda, de opinar, esporadicamente, sobre a actualidade. Por se encontrar no início, este modesto espaço está susceptível de sofrer certas mudanças no visual e formato de posts - estamos, claro, abertos a qualquer sugestão e feedback. Esperamos, por fim, que acolham bem este novo continente: o número 7 sempre foi, de certa forma, um símbolo de sorte...!

quinta-feira, janeiro 21, 2010

:Mudança

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Ora, olá! É ao som de Norah Jones que vos escrevo – pouco depois de há pouco ter cedido a alguma insistência da parte do Flávio e de ter, assim, aceitado o seu convite para escrever, ocasionalmente – a frequência será incerta, e dependerá, claro, da minha vontade (ela, por si só, bastante volúvel...) - um texto aqui no blog. Suponho que estejam neste preciso momento a pensar “Um autor convidado para num blog chamado “Flavio's World”....?” e, talvez, a ideia sugerida vos divirta; mas é verdade, e não sou o único, segundo me chegou aos ouvidos, a integrar este espaço daqui em diante (mas prefiro deixar que a outra pessoa se anuncie quando tiver oportunidade, antes de mais). Seremos, como tal, três escritores. Essa não será, porém, a única mudança por cá – sobre isso, posso apenas adiantar que será “substancial”. Aguardar para ver.
Quanto a mim, chamo-me Rúben, sou mais velho que o Flávio uns seis meses e mais baixo alguns centrímetros; partilho com ele o apelido, e uma paixão (esta parte da frase, dita de outra forma a meio de um jantar, já me rendeu uns olhares suspeitos e alguns risos escarnecedores...), o Cinema. Sou um grande amigo, e já acompanho este espaço desde a altura em que os posts eram maioritariamente sobre as suas (não concretizadas) aspirações amorosas (aqui entre nós, por vezes tenho saudades desses tempos).
O Flávio disse-me para falar do que espero do blog, mas penso que será mais proveitoso falar do que o blog deve esperar de mim. Esperem posts descontraídos, informais, bem como alguns um pouco mais sérios, ao estilo dos que escrevi no já defunto “Pipocas e Outras Tretas”, ou simplesmente uma mistura dos dois. Falarei sobre qualquer coisa que achar pertinente – quer seja Cinema, quer seja qualquer outra das Artes... ou alguma questão relevante sobre a qual me apeteça escrever umas linhas. Sei que, provavelmente, serve de pouco para vos elucidar, mas de momento...
Sei que ele faz parte, juntamente com outros blogs, de algumas iniciativas cinematográficas, mas o mais provável é que eu fique de fora, no que a essas coisas diz respeito.
Pois bem – que isto é suposto ser um post-apresentação breve –, deixo-vos uma sucinta apreciação sobre os dois últimos que vi (na mesma noite, e ambos com a mesma letra inicial): ver “Avatar” foi como receber uns bombons no Natal, embrulhados numa caixa cuidadosamente ornamentada por aquele amigo que tem muito jeito para as artes plásticas – até que decidimos provar os ditos chocolates e descobrimos que foram comprados no supermercado ao virar da esquina, os que costumamos comprar quando vemos a última embalagem dos nossos favoritos desaparecer da prateleira às mãos de um cliente que entrou depois de nós lá e que, não tivéssemos nós sido retidos por uma conversa de circunstância com aquela conhecida que já não víamos desde o ano passado, e que não veremos daqui a um ano ou mais, sem grande aborrecimento para ambos, teriam sido levados connosco para casa (esta última parte era desnecessária, reconheço, mas...). Sobrevalorizado, extremamente sobrevalorizado – embora esteja consciente do marco que representará, muito provavelmente, no futuro uso do 3d no Cinema; “Ágora”, por sua vez, é um delicioso petisco para qualquer amante do conhecimento. Amenábar apresenta-nos uma história cativante e reflectiva, abrangente e complexa – e uma Rachel Weisz em tudo digna a uma nomeação a Oscar, numa altura em que muito boa gente reclama da escassez de bons papéis femininos. Sim, já pareço aquele programa da Sic (corrijam-me se estiver enganado), em que misturam culinária com arte (deve ser da fome, hoje ceei mais cedo...).
Bom, não podia deixar de falar da imagem que encabeça este post. Do filme de onde é retirada pouco direi, apenas que foi uma experiência interessante – para não dizer mais – vê-lo com um amigo, numa madrugada de Verão em que ambos estavam pouco dispostos a levar a sério o que viam. Acho que, um mês depois, continuavam a servir de private jokes citações que ambos tínhamos achado particularmente distintas! Não é um grande filme, a meu ver, nem posso dizer que tenha gostado realmente do que vi – mas, apesar disso, foi um filme que se tornou, de uma forma curiosa, memorável. E isso, no fundo, resume um pouco a minha relação com o Cinema – aprecio-o como uma forma de arte a que reconheço um infinito potencial, acredito no seu poder mágico de nos transformar e aceito-o como acompanhante da minha vida, tendo havido alturas a que associo um filme, um realizador, uma cena... bom, como qualquer amante desta arte (e de outras, de que, em princípio, falarei também).
E é isto – quem me conhece já se está a rir, aposto, pela forma como estou a acabar o post –, por agora. Uma bolacha a quem adivinhar qual é o filme de que falei no parágrafo anterior...

segunda-feira, janeiro 18, 2010

:O Laço Branco



O cineasta austríaco Michael Haneke é um prodígio mundial da sétima arte. Não havendo dúvidas para tal, ainda que a agradabilidade do seu cinema seja, obviamente, relativa, provam-no autenticadas e críveis cerimónias, festivais e críticos, que reconheceram a sua última obra(-prima) como um dos melhores filmes do ano. Não é só, na minha perspectiva, o melhor, como também consegue subir para onde se encontram os grandes filmes produzidos nos tempos passados.
Razões não faltam para comprovar a qualidade da Palma de Ouro de Haneke. Se o realizador ganha em termos de experiência de vida e história pessoal, após as suas formações em matérias de tentativa de compreensão da condição humana como é caso da Filosofia, este também se pode, e não haja quaisquer hesitações neste ponto, vangloriar-se de ter desenvolvido uma filmografia algo consistente, debruçada sobre o lado mais negro e recôndito do ser humano moderno, portanto, uma linha de obras inesquecíveis e dotadas de uma grande qualidade e poder. Há, contudo, algo que nelas se une: o fascínio pela perspectivação subjectiva da morte, seja ela vista como a salvação (“O Sétimo Continente”), como uma inevitabilidade (“O Laço Branco”), como tabu (“Caché: Nada a Esconder”) ou, simples e sordidamente, como uma «brincadeira perigosa» (“Funny Games / U.S.”; “A Pianista”; “Benny’s Video”). E, apesar da forma como é toda ela abordada, seja pela via do terror psicológico ou do simples mas cru ensaio dramático, o autor mantém continuamente um estilo, formal e de linha narrativa, que o pode definir como inédito e como um modelo, a seguir, claro está, para os interessados jovens realizadores que com ele se identifiquem na totalidade. Não se cedendo a imagens contemporâneas de uma violência que transcende o próprio equilíbrio e estabilidade humana, mas criticando-as ferozmente expondo-as em segundo plano (como em televisões, etc.), Haneke filma com uma simplicidade, elegância e pureza inigualáveis, valorizando tanto os parados enquadramentos como os clássicos de movimento. Dotado, também, e tal como se orgulha de admitir, de um distinto realismo Nas suas pacientes imagens, o seu lado interventivo é demonstrado na perfeição, ao colocar o espectador na história e ao obrigá-lo decifrar imagens (como os vídeos, os programas de televisão ou o último plano em “Caché”), símbolos (como a praia em “O Sétimo Continente”) e diálogos. Há toda uma sátira e crítica implícita bem representativos do austríaco, que não se cansa de o demonstrar ao longo da sua carreira, escondendo-se e não se escondendo, num inevitável paradoxo. É o espectador que terá que sair da passividade e anonimato da sua condição e interpretar cada filme com calma, enquadrando-o nos tempos vividos, e é, também, obrigação do realizador tornar tudo quanto possa inteligível para que a mensagem bem seja passada. “O Laço Branco” é, pois, o culminar de toda essa dinâmica e crítica reflexiva que, embora retrate uma realidade que se nos parece distante, se mantém corrente, pela actualidade dos temas e universalidade das questões lá colocadas.
Ora, nesta película caminhamos numa aldeia, alemã e protestante, como tantas outras europeias nas vésperas do início da primeira Grande Guerra, com gentes representadas pela humildade das condições com que sobrevivem e pelo espectro do catolicismo, que se assume como uma entidade inquestionável e por demais autoritária. E em redor desse autoritarismo seguimos a trama que envolvem os seus habitantes, desde do Barão, do pastor, do médico e do professor da aldeia (que se assume como o protagonista da nossa trama, narrando-o, como que por medo, numa imparcialidade temível) à parteira, ao gerente e aos camponeses. E, convém não esquecer, o grupo liderado pelas crianças e adolescentes que figuram uma oposição tão inocente como rebelde, marco pelo artificial laço branco. Os eventos trágicos a que se propõe o filme narrar e que coaduna todas as personagens enunciadas, não poderiam ser mais perturbadores, comprovando que os problemas banalizados na contemporânea comunicação arrastaram-se por tempos e tempos, demonstrando a gravidade destes. Falamos, nomeadamente, dos abusos sexuais a menores, ou, em menor grau, das infidelidades extra-maritais. A universidade dos temas é, obviamente, bem evidente: desde a morte, como já referi, como a vingança, a irreligiosidade das acções humanas que vêm a demonstrar, pela via da contradição de crenças e discursos, as constantes dissonâncias cognitivas das atitudes do homem, a culpa e, acima de tudo, como tema-síntese, a maldade humana. Assim é que Haneke examina e aponta o dedo a uma falseada ética que é por demais reprovável. Estão dispostos, pois, dos pólos tremendamente opostos: a criança, enchida de ingenuidade e engano como de pureza e questionamento; o adulto, contaminado, pecador, determinado a impingir no primeiro pólo as normalizações de uma sociedade decadente, prestes a entrar, anos depois, no nazismo, uma das mais horríveis políticas de sempre. E, perguntamo-nos nós, seria tão diferente assim a realidade de, por exemplo, Portugal, no início do passado século? Em que, após uma conjuntura sociopolítica favorável, uma primeira república distorcida de confusões cedeu a um estado autoritário, entrando na era do Estado Novo? A resposta, efectivamente negativa, é facilmente justificável se analisarmos o contexto de uma Europa enfraquecida após a Segunda Guerra Mundial.
A espectacularidade d’O Laço Branco não se rende só às linhas da narrativa e da realização. O filme é, na sua totalidade, um deleite visual a que escapa às grandes produções hollywoodescas, com possibilidades de encantarem as massas com inconjecturáveis e dispendiosos efeitos especiais (estou a lembrar-me, assim e agora de repente…, de um produto bem edificativo disso mesmo). Auxiliado a um propício guarda-roupa de época, em que as cores estão propositada e inteligentemente configuradas, a fotografia complementa tudo o que aqui já foi debitado. De um belíssimo preto e branco, limpo, e com uma luz divinal nalgumas sequências, elementos tais como a neve são expostos com uma clarividência que atinge, só pela contemplação directa e simples, o que há de verdadeiramente onírico e transcendente num mundo contaminado pelos pecadores.
Por fim, há que compreender os avisos constantes relativos a esta excelente película. Não é nada fácil digerir “O Laço Branco”. Pode, inclusive, como a mim deixou, provocar uma grande perturbação. Mas, ao mesmo tempo, e cedendo a uma irresistível tentação, é extremamente estimulante reflectir sobre ele. Haneke triunfa mais uma vez, com o seu melhor filme, um perfeito e negro ensaio sobre a condição humana, que peca apenas pela sua pouca duração.
10/10

domingo, janeiro 17, 2010

:A Estrada



Durante os noventa minutos decorrentes de uma das múltiplas jornadas na estrada da vida, não só acompanhamos a fábula de Gelsomina e Zampanò, mas um ponto de viragem para Fellini, que ganhou grande projecção ao filmar “La Strada”.
Vencedor do Óscar de melhor filme estrangeiro e do Leão de Prata, em Veneza, a película versa-nos, num tom de profunda melancolia, o desenvolvimento da relação de uma mulher pobre e sonhadora e de um homem escabroso que ganha a vida fazendo o mesmo espectáculo de rua, após esta lhe ter sido vendida pela mãe. Contextualizada numa Itália desencantada, decadente e esfomeada, o neo-realismo d’A Estrada, presente, também da época, em, por exemplo, Ladrões de Bicicletas de Vittorio de Sica, é o ponto de partida para uma viagem que será, para os dois, memorável. A ilusão circense que, paulatinamente, é retirada de Gelsomina, magnificamente interpretada por Giulietta Massina, afigura-se como um espectro inatingível que quer a protagonista como Zampanò lutam, juntos, ainda que através de uma relação disfuncional, alcançar. E assim é, através de uma narrativa episódica, os dois viajam e descobrem novos mundos e figuras, que se fundem na mesma visão pessimista e desiludida da realidade. Para a cobrir, A Estrada é o óptimo exemplo de como o amor, a esperança, a arte e o retornar a uma infantil inocência e pureza que ainda pode perdurar vencem a intragável e irreversível morte e passagem do tempo. Tendo-o e não o tendo, o filme mantém, num estranho paradoxo, uma surrealidade e energia inegáveis, que fazem dele um pedaço de cinema imperdível a qualquer amante da vida. Contudo, e engolido na mesma decepção com que tentava combater, a melancolia apodera-se da recta final, desacreditando todos os esperançosos esforços dos protagonistas precedentes a esta.
É uma fita tão mágica (Nino Rota sabe torná-la na perfeição) como dotada de um cru realismo, que merece ser reflectida com lentidão - quem sabe para até o fim da vida, onde reside o final da estrada.
9/10

sábado, janeiro 16, 2010

:Sismo no Haiti foi "castigo de Deus"

Actualizem os calendários, parece que voltamos ao século XIV. [notícia]

quarta-feira, janeiro 13, 2010

:Amarcord




Amarcord “Amarcord”: vagueando de estação em estação, num passado que já foi e que ainda é, e volvido nas memórias que uma simples história pessoal foi construindo, o autor cria uma fábula extraordinariamente memorável. É, principalmente, por nos trazer à memória o espectro da nostalgia, da magia e dos tempos dourados da infância, com um tom humana e profundamente divertido e real, que este filme atinge o sublime e a excelência. Dotado de uma riqueza tão pura e tão sincera, quer nas personagens como nos diferentes e intemporais episódios, “Amacord” completa-se com a fusão total da narrativa, da imagem e das belíssimas baladas de Nino Rota… É tudo menos fácil digerir a risonha obra-prima de Federico Fellini - por vezes, simplesmente, a perfeição deixa-nos assim, comovidos até onde seria impossível.
10/10

domingo, janeiro 10, 2010

:Propaganda dos Aliados



Contra a Alemanha nazi, que se afigurava como o inimigo comum na 2ª Grande Guerra, os EUA, URSS e Inglaterra apresentavam-se como os principais aliados para a derrubar. O poster que acima vos deixo é um óptimo exemplo de como a propaganda para a população era um meio importantíssimo para moldar a consciência desta em relação ao conflito mundial. Seis décadas depois, podemos apreciá-lo do ponto de vista artístico e concluir a sua grande qualidade, para não referir que a mensagem é bem transmitida. Este e mais oitenta belos cartazes podem ser vistos numa excelente e imperdível compilação que pode ser acedida a partir daqui. Aproveitem!

:As noites de Cabíria



Quando “As Noites e Cabíria” estreou, dois anos após o bem elogiado “A Estrada”, Fellini defrontou-se uma receptividade mista no que tocou à agradabilidade da protagonista e do tema em questão. Hoje, é das películas mais bem reconhecidas do cineasta italiano - e razões não faltam para isso defender.
Roma, anos 50 - Cabíria é uma prostituta ingénua mas determinada a esconder os seus sentimentos, procurando nas viagens nocturnas pela capital italiana, o amor verdadeiro. E assim se apresenta o mote para toda uma narrativa fascinante. Enquanto nossa protagonista, brilhantemente protagonizada por Giulietta Masina, Cabíria apresenta-se como alguém plenamente ingénua e algo perdida numa infantilidade neoténica, iludida nos romantismos sub-reptícios dos homens com que relaciona. A sua personalidade vincada, defeituosa (humana!) e rude é acentuada em função das suas desilusões e mágoas, mas são, sobretudo, os seus amigos que melhor conhecem o coração de Cabíria e conhecem a sua pureza. Posso, sem sombra de dúvida, remeter a experiência que foi visualizar o mundo feminino desta obra para os trabalhos de Almodóvar, que também lidou com a prostituição em “Tudo sobre a minha Mãe”. Já este, “As Noites”, é, contudo, apesar de um filme rodeado numa atmosfera de brincadeira, música e humor naturalmente subtis, uma película que lida, através de uma sensibilidade notável, com a rejeição, a dor da não reciprocidade amorosa e a mágoa e o medo da solidão. É, pois, uma película que lida com a depressão de uma forma nunca antes vista - há uma certa altura em que Cabíria entra em nós e, se a rejeitamos inicialmente como ser humano, num dado momento já a compreendemos e com ela sofremos. Não é, como já se viu, uma história de amor. É uma história de sobrevivência, altamente depressiva mas com a mensagem de que, apesar de todas as tréguas, vale sempre a pena tentar e iluminar a esperança.
Federico Fellini transpõe para o grande ecrã um guião difícil de se lidar, mas fá-lo com uma competência tal que imagens como a de Cabíria no palco do hipnotista ou na recta conclusiva da película ficam cravadas na mente do espectador mais deliciado, como eu o fui, durante duas deslumbrantes horas. Por fim, resta-nos salientar o facto de que poucos finais, na história do cinema, poderão igualar o grandiosíssimo de “As Noites de Cabíria”.
9/10

:Geração Perdida?

Interessará a quem tiver, no actual momento, entre 16 a 25 anos - somos, aparentemente, a geração perdida. Fazemos parte dela segundo estudos e indicadores, quer do contexto internacional como nacional (económico, financeiro, político e social), e que fazem crer os mais "sábios" de que estamos perdidos. Sim, do ponto de vista geral, meramente superficial, assisto todas as semanas a uma centralização no comodismo e facilitismo, no pré-fabricado, numa terrível Inércia e Conformismo que movimentam quem deseja servir de fantoche para um sistema, esse sim perdido. Uma adolescência fascinada pela pseudo-rebeldia, pela pobreza das aparências, uma geração materialista que luta para atingir números, classificações, o que bem parece e o que mal contém. Mas recuso-me pensar que estamos perdidos. Há muito ainda por que lutar, sim, mas há ainda quem o tente fazer.
[ler notícia aqui]

sexta-feira, janeiro 08, 2010

:Hoje



Hoje é um dia bom. E Hoje tenho orgulho de ser Português. Este país tornou-se, uma vez mais, palco da luta e do movimento pelos direitos fundamentais de uma minoria que, durante séculos, foi marginalizada, ignorada e discriminada. Por isso, esta vitória deve ser celebrada, com toda a plenitude, pelo seu significado. Esta vitória tornou-se o símbolo histórico da consolidação social da liberdade e da justiça para milhares de homossexuais. Tornou-se um símbolo para a defesa da esperança, que permanece viva, sempre. E todos nós sabemos o que H. Milk sempre defendeu: you gotta give ‘em hope. A mudança faz-se com a esperança e a mudança faz-se todos os dias. Hoje é um dia bom e todos temos orgulho de sermos Portugueses.

:O Sétimo Continente



Não é por menos que o austríaco Michael Haneke é, na contemporaneidade, considerado dos mais ilustres cineastas vivos: recente vencedor dos prémios europeus de melhor realizador, guionista e filme com “O Laço Branco”, da Palma de Ouro para o mesmo filme e de melhor realizador com o brilhante “Caché - Nada a Esconder” (opinião aqui). Os prémios, entre todos eles, têm plena razão de ser - assistir a um filme de Haneke demonstrou ser-se uma experiência transcendente, como que, observando toda a condição do moderno ser humano transposta para a tela paulatinamente, fizéssemos parte dele.
Muito antes destes dois filmes supracitados, do célebre “A Pianista” ou do polémico “Brincadeiras Perigosas”, foi realizado um filme, o primeiro de todos eles e o mais esquecido pelo público - “O Sétimo Continente”. Se facilmente o poderíamos revelar como um drama familiar bem filmado e composto, a película vai, contudo, para além de todas as convenções, retratando, num estilo cru, verdadeiro e deprimente (oh, se o é…), o decorrer dos anos no seio de uma família de classe média como tantas outras. Esta, particularmente, simboliza toda uma sociedade perdida na incomunicabilidade, na «perda da alma» como muito é referido (aliás, os primeiros vinte minutos, nos quais não percepcionamos nenhum rosto, embora acompanhemos as ditas personagens, ilustra bem como chegámos a uma demência nervosa e que nos é indiferente) e, sobretudo, na apatia que o tempo e a rotina causam. É pelas raras e subtis sequências de choro, de onde personagens como a de Birgit Doll encarnadas magnificamente extrapolam toda a sua dor guardada pelo repetido conformismo, na trágica recta final e no simbolismo evidente que podemos, com certeza, afirmar que, mais do que um grande visionário técnico, Haneke é um escritor de uma qualidade bastante superior e inédita. Pelo seu estilo estranho, de onde reside uma simplicidade que deve ser por demais valorizada, o cineasta não justifica as atitudes da nossa família protagonista, limitando-se a mostrar os "factos", sem (aparentes) juízos de valor, um pouco como Elephant, de Gus Van Sant.  A reflexão, essa, só a posteriori, e pelo espectador mais atento - será este que, provavelmente entontecido com a experiência única que é visualizar “Der Siebente Kontinent”, terá que retirar as ilações que acha serem as mais relevantes para a própria história pessoal (pois, apesar de profundamente depressivo, a película pode bem funcionar como uma terapia de identidade perfeita). Em suma: um drama pleno, original e por demais profundo, não tivesse este a inacreditável capacidade de se mergulhar nas profundezas das nossas mais esquecidas inquietações e da nossa personalidade.
De salientar, para além da perfeição da película, a infelicidade que não tê-la no nosso mercado. Cá entre nós, teremos, para nos satisfazer, “O Laço Branco” para a semana e onde merecerá ser visto: nas salas de cinema.
10/10

quinta-feira, janeiro 07, 2010

:Verdade

Se repetir a proeza de saltar para o topo dos filmes mais rentáveis em cinema de sempre não era tarefa nada fácil, então ser o segundo filme, logo após o Titanic, realizado também por si, afigurava-se impossível. Mas aconteceu, e aproxima-se a largos passos do imbatível titânico. Há que reconhecer - o mundo está vidrado por James Cameron e o marketing provou que funciona, ainda, em pleno.

segunda-feira, janeiro 04, 2010

:Um pai e um filho no fim de tudo


Muita expectativa rodeia a adaptação do romance pós-apocalíptico de Cormac McCarthy, "A Estrada", a estrear por cá no dia 7 de Janeiro. A premissa é simples mas altamente ambiciosa - como sobrevive um pai e um filho perante a destruição quase total do planeta? E o que resta de humanidade, puramente dita, em tão caótico cenário? É isso que a espectacular obra do norte-americano, autor também de "Este País não é para Velhos", tenta responder, mostrando, entre cândidos e longos diálogos entre pai e filho, o amor que neles ainda reside - como este pode superar barreiras inultrapassáveis. Devo admitir que a primeira leitura, há tempos atrás, não me convenceu, mas bastou alguma maturidade para compreender a beleza da crua narrativa de McCarthy - e consigo pô-la, sem qualquer sombra para dúvidas, entre as grandes deste tempo. Espera-se, enfim, uma adaptação competente (o realizador John Hillcoat tem sido bem elogiado) com interpretações igualmente excelentes - tanto que este pode ser dos últimos filmes da carreira de Viggo Mortensen, tal como podemos ver a partir daqui. Resta-nos, pois, esperar que estreie o filme e que este nos deleite até o fim - a espera sempre foi a pior parte!

sábado, janeiro 02, 2010

:Surpresa

Estava eu entusiasmado a ver que colegas meus teriam sido nomeados para o Cinebloggers Awards 09/10, promovido, mais uma vez, pelo Cinematograficamente Falando..., quando, para minha surpresa, vejo que estou nomeado para uma categoria - melhores artigos num blog de cinema! Agradeço a todos os que votaram  no meu espacinho para tão honroso lugar. E, já agora, muitos parabéns aos restantes nomeados! Para ver a lista completa, cliquem aqui.

:Grandes Momentos #6


Ao acabar de rever, há dias, o magnífico ensaio dostoievskiano "Match Point", fiquei absolutamente preso à cena que vos deixo nesta publicação. Será caso para nos perguntarmos onde Woody Allen foi buscar tanta inspiração para construir uma sequência simples mas repleta de tensão sexual como esta ou será caso para vangloriarmos as interpretações dos dois actores, sobretudo de Scarlett Johansson que, aqui, está mais bela que nunca? Tendo para acreditar que todo este momento funcionou pela química destas duas substâncias - argumento/interpretações -, porque se há cena que não é passível de nos enfadar tão rapidamente sem utilizar truques de CGI e afins, é, sem qualquer sombra de dúvida, esta. Aproveitem! :)

:Quem é Federico Fellini?

Quem é Federico Fellini, cineasta que eternizou a poesia da sétima arte e que constitui uma fortíssima influência nos contemporâneos realizadores? Descrobi-lo-emos, aliados, mais uma vez, aos blogues CINEROAD, Split Screen, no início deste novo ano, que se inicia recheado de muitas surpresas cinematográficas. Como tal, não poderíamos deixar de dar voz ao nosso colega cinéfilo Hugo Gomes, do Cinematograficamente Falando.... A todos os leitores - um óptimo e mágico Janeiro!


:Ainda sobre a adopção e o casamento gay



Este novo ano inicia-se sob a política portuguesa voltada a temas estruturalmente importantíssimos como é o caso da crise económica e do desemprego. Contudo, após mais uma observação por demais expectável do Presidente da República quanto à crise de valores, há que relembrar que, no dia 8 deste mês, Portugal preparar-se-á para assinalar um momento histórico nacional, como também internacional - a discussão sobre a legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo (excluindo, da proposta apresentada pelo Partido Socialista, a adopção, sendo dado o argumento de que a sociedade não teve, ainda, o debate necessário sobre essa questão), com a quase garantida aprovação pela maioria parlamentar. Desta forma, e com o tema a ferver tanto, é perfeitamente natural que se originem discussões aqui e ali sobre ele (basta reparar que já existe um movimento que se encontra a recolher assinaturas para o assunto vá a referendo, como já referi aqui).
Deixo-vos, portanto, com um excelente artigo de Pedro Madeira, publicado em 2006, de leitura e compreensão bastante simples mas apresentado com uma clareza e argumentação espantosas, que servirá, provavelmente, para reforçar (ou mudar) a vossa perspectiva sobre o casamento e a adopção entre homossexuais.

:Dezembro & Sam Mendes: quadro-síntese


sexta-feira, janeiro 01, 2010

:Olá, 2010!

A mim e a todos: um óptimo - não, excelente - ano e início de década! :)