quarta-feira, setembro 30, 2009

:Quando a imoralidade e a arte se encontram



Era, apenas, uma questão de tempo para que o adormecido mas nunca esquecido "caso Polanski" fosse reactivado numa altura inesperada - fugido das autoridades norte-americanas desde 1978,  foi preso em Zurique (onde receberia um prémio pela carreira) o cineasta, agora com 76 anos de idade, que nos trouxe "Chinatown", "Rosemary's Baby" ou o inesquecível "The Pianist", por ter tido relações sexuais com uma rapariga de 13 anos (que, doravante, não era já virgem). E foi no despoletar da sua detenção que as opiniões explodiram e dividiram-se, quer na comunidade artística como política: por um lado, temos os que defendem o realizador (Woody Allen, Pedro Almodóvar, Martin Scorsese, David Lynch, Luc e Jean-Pierre Dardenne e a própria vítima, Samantha Geimer) e, por outro, os que defendem a punição judicial do crime de "Humbert Humbert" (Luc Besson, vários deputados e ministros do Parlamento Europeu e Francês). Parte-se do pressuposto que a lei é, de forma a garantir estabilidade e funcionalidade na Justiça, universal para todos e é um facto que o que cineasta fez era e é punível judicialmente. Por outro lado, temos o perdão de Geimer o seu desejo de, visto que foi algo ocorrido há trinta anos atrás, esquecer o passado; o alegado consentimento evocado por Polanski aquando do acto. Sendo assim, sendo este caso particular e único, diante estas circunstâncias, será legítimo continuarmos a considerar moralmente incorrecto o ocorrido?, será que é legítimo condená-lo?, não bastará o perdão de Samantha para que o crime seja absolvido ou será que, como muitos referem, "um pedófilo é um pedófilo" e tem que pagar pelo que fez? É uma problemática que, mais do que legal, é sobretudo de ordem ética - e não, os que defendem a libertação de Polanski (que deixou  pendente "The Ghost", o seu novo filme que estava a ser produzido), não defenderão, certamente, os abusos sexuais. A minha opinião não se encontra, ainda, formalmente formada, mas agora peço-vos que partilhem a vossa em relação a este caso, que anda na ordem do dia na comunicação social e não só.

:Setembro & Pedro Almodóvar: quadro-síntese



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quinta-feira, setembro 24, 2009

:Parabéns, Almodóvar


 



Pela carreira e pela vida, hoje celebramos o 60º aniversário de um dos mais reconhecidos (e, por muitos, subvalorizado e incompreendido) cineastas da contemporaneidade. Pela homenagem à mulher moderna como musa inspirador, ao cinema em si como confronto com a realidade trágica e, também, cómica, ilógica e burlesca de que é própria a sociedade. Pelo cuidado máximo nas complexas personagens criadas. Pelo simbolismo e a paixão nas imagens, no som e no produto final. Parabéns e muito obrigado, Almodóvar!

:2010



quarta-feira, setembro 23, 2009

sábado, setembro 12, 2009

:Dogville (ou A Humanidade em Tamanho Reduzido)



Uma vila perdida nos Estados Unidos da América - sem vegetação, sem horizonte, sem quase nada que sugira a ambiência de um sítio rural: tudo para evitar a distracção e nos apresentar, no seu estado minimalista e literal, uma das visões mais pessimistas e reais do homem ocidental.
É assim que Lars Von Trier, depois de um Dancer in the Dark que não me convenceu, abre a trilogia dos EUA com um inovador filme formalmente falando, apontando o dedo, de forma crua mas sincera, para a malvadez e fraqueza humana sugerindo o medo como justificação plausível de tão reprováveis acções. É curiosíssimo como no twist final, emocional e psicologicamente excelente, o espectador é arrebatado por um moralismo implícito (fomos nós que quase desejamos a morte de alguns personagens pela crueldade das suas posturas ao longo da película e, no final desta, desejamos não ter desejado). Um ensaio inesquecível dos padrões éticos e a ausência total de privacidade dos tempos coevos (tome-se como exemplo uma cena de sexo que conseguimos ver, dada a ausência de paredes e de portas, em segundo plano às vidas dos outros habitantes) e que, para além de nos oferecer, tal como disse na crítica d'A Viagem do Elefante, "uma peça de teatro humana interminável, burlesca e, por vezes, quando ao elenco convém, congruente, compassiva e sensata", nos presenteia com um argumento e interpretações louváveis - sobretudo de Nicole Kidman, claro está. Nota especial para a sequência dos créditos finais, acompanhado pela música de David Bowie.
9,5/10

quinta-feira, setembro 10, 2009

:Volver às comoções musicais



A todos, primeiramente, peço desculpa por não ter escrito nos últimos dias.  Deixo-vos hoje, a respeito da promoção a Pedro Almodóvar, duas memoráveis sequências musicais: em cima, a cena de "Volver - Voltar" em playback em que Penélope Cruz entra por completo na letra que designa o tema da película e, em baixo, a cena de "Fala com Ela" em que o brasileiro Caetano Veloso participa na banda sonora das trágicas vidas que se juntavam no recinto filmado. Amanhã ou depois deixar-vos-ei com a crítica do mais recente do cineasta espanhol, "Abraços Desfeitos" (sim, estreou hoje!). Entretanto, aproveitem para ver ou voltar a ver estes dois momentos e, claro, a visitar o CINEROAD, o Split Screen e o SeeSawSeen para se actualizarem do especial Setembro & Pedro Almodóvar.

terça-feira, setembro 01, 2009

:Setembro & Pedro Almodóvar


Começa hoje, oficialmente, mais uma promoção a um realizador contemporâneo internacionalmente reconhecido - Pedro Almodóvar. Conhecido por se debruçar sobre a figura da mulher moderna nos seus filmes (e não só), este terá direito a artigos diversos (críticas, homenagens, etc.) neste blog e, também, o CINEROAD, SeeSawSeen e Split Screen. Aproveitem por passar pelos três espaços e se actualizarem a respeito desta iniciativa que esperemos que seja do vosso agrado. Bom Setembro!