domingo, março 29, 2009

:Grandes Realizadores #2: Alfred Hitchcock


"Some films are slices of life, mine are slices of cake."

Hitchcock marcou e conquistou o Cinema há anos atrás e a minha vida há pouco mais de um mês. Descobri um jogo impressionante de sombras, onde o mistério e a classe andam de mãos dadas. Argumentos e personagens sublimes transpostos para o grande ecrã com uma magnificência única. É longa e ainda incompleta a minha lista de favoritos: "Rebecca", "Rear Window", "Vertigo", "Rope", "Psycho", "The Birds"... que mais dizer? Vejam, se ainda não o fizeram. Não se arrependerão, certamente.
Já agora, e só para os fãs de Hitch: qual o vosso top 5 dos filmes dele, e porquê? Fica o desafio ;)

:"Cannibal Holocaust"


 À pergunta "Qual foi o filme mais perturbador que alguma vez viste?" poderia facilmente pensar em algum filme de terror gore ou de guerra que me tivesse impressionado... sem esquecer, claro, a etapa da vida em que vi determinada obra. No entanto, há que ter em conta que nada é retratado ao acaso. E, nos tempos coevos, sabemos que encontramos sensacionalismo polémico e niilista por todo o lado: nos videojogos, na televisão e no cinema vemos a toda a hora violência da mais gratuita que existe (o que motiva, na geração presente, actos chocantes como os massacres de que temos conhecimento nos estabelecimentos escolares). Contudo, temos de saber que limites éticos deve chegar o Cinema. Não estou, obviamente, com esta publicação, a promover qualquer tipo de censura artística, até porque um dos valores que mais prezo é o da liberdade de expressão. Mas há limites para a liberdade de qualquer um.
Criei este post a propósito de um filme italiano que vi recentemente, o qual podemos considerar um snuff movie. Cannibal Holocaust, de Ruggero Deodato - 1980, é o mais cruel e desumano filme que vi, não propriamente em termos de qualidade (até porque há um claro estudo e trabalho prévio no que à manipulação dos sentimentos do espectador diz respeito), mas em conteúdo. O filme versa a história de um antropólogo que investiga o desaparecimento de uma equipa de realizadores de documentários na Amazónia, Brasil. Se a estupidez máxima é alcançada a retratar os brasileiros como falantes da língua espanhola, então a parte mais nojenta é mostrada de forma imensamente  incompreensível. O que acaba por se suceder é o confronto dos "civilizados" com os indígenas canibais. Se, por um lado, conseguimos apreender uma crítica à sociedade ocidental contemporânea (que, em situações limite, volta praticamente à Idade da Pedra), por outro, achamos um extremo exagero mostrar, de forma tão gráfica (e porque é, realmente verdadeiro, sem qualquer tipo de efeitos especiais à mistura) a morte brutal e insensível de vários animais - seis, ao todo: um quati, uma tartaruga, uma aranha, uma serpente, um macaco-de-cheiro e um porco. Matar é arte, agora? (sobre isto podemos ver um ensaio muito bom em "Rope", de A. Hitchcock). E isto sem contar com as (encenadas) cenas de canibalismo puro e de violação sexual. Pergunto-me: qual a verdadeira razão desta incrível desumanidade? Criticar ou criar, simplesmente, controvérsia?  O primeiro motivo parece não ter sido tido em conta pelo realizador que, depois de preso pelas autoridades italianas, fez um pedido de desculpas pelo facto de ter assassinado os seres vivos mas que, ironicamente, está a preparar uma sequela do filme a estrear este ano.
Não vejam este filme. Não o tomem como um desafio ou coisa semelhança. Simplesmente não queiram perturbar a vossa mente. Fi-lo consciente, sabendo que ia ter uma experiência sensorial bastante abaladora. Mas é desperdício puro. Mas faz-me ver, agora mais fortemente do que nunca, que é necessária a consagração dos direitos dos (restantes) animais, concedendo-lhes protecção, para que isto não volte a acontecer.

domingo, março 22, 2009

sábado, março 21, 2009

sexta-feira, março 06, 2009

:Le Voyage Dans la Lune (1902)

 
Uma Viagem à Lua é uma maravilhosa curta-metragem de 1902 vinda de França, país precursor da animação cinematográfica e as suas experiências neste campo. Ora, numa época em que a sétima arte se valorizava pela sua capacidade de entreter as classes média e alta e abrir "para os pobres uma janela fabulosa aberta para um mundo mais amplo e um escape para as suas preocupações" (Mundo da Cultura - Cinema, Kenneth W. Leish, 1978, Ed. Verbo),  este pequeno filme mostra-nos um elenco bem caracterizado, com uma acção e truques visuais inovadores para o contexto em que nos inserimos. Devem reconhecer algumas imagens, mas vejam o vídeo, que vale bem a pena!





:(Tentando) defender a liberdade


quinta-feira, março 05, 2009

:The List is Life


O que dizer quando parecem não haver palavras suficientes para descrever algo de tão perfeito? Isto também é uma pergunta filosófica ;b Obrigado, sr. Spielberg.

quarta-feira, março 04, 2009

:Filme de Deus


É bastante curioso que, no que podia ter sido um flop monumental, vejo uma obra-prima memorável e perfeita, quer pela sensibilidade e humanidade tida pelos temas tratados, quer pelo jogo de sedução frenético e espectacular que Meirelles gostou de ter com a câmara. E eu que adiei tempos sem fim ver a Cidade. Isto para dar uma lição ao meu mau instinto empírico (caso ele existisse, obviamente) no que refere a escolha de filmes para ir vendo. Mas enfim, o importante é que Buscapé já veio ter à minha memória e caminha para uma futura e mais aprofundada visualização.

terça-feira, março 03, 2009

:Where to go...

 Como boas almas já devem (ou não) saber, o meu terrível e ousado desejo de continuar os estudos para seguir um curso de cinema mantem-se, e o tempo para lá ir aproxima-se mais ou menos rapidamente. No que me compete, a decisão do instituto que vou cabe-me inteiramente a mim, e em Portugal, apesar de precária a existência de reconhecidas escolas superiores, há algumas que me despertam o interesse. Uma delas fica em Amadora, Lisboa: a ESTC, ou Escola Superior de Teatro e Cinema, que me parece muito boa. Ora, lá fui eu à pesca na Internet e encontrei um blog (por sinal muito interessante) em que o autor comentava a sua estadia. Apesar do início me entusiasmar, o retrato pintado fica negro (não que os factores evidenciados no texto sejam determinantes na minha decisão futura). Achei por bem partilhá-lo convosco, e aqui vai:

(...) Durante a semana que passei na Escola na época de selecção, consegui começar a desenhar as linhas que saíam daquelas pessoas que por lá andavam e procuravam conseguir entrar para o curso. Poucos diziam bom dia e poucos sabiam manter uma conversa sem falar sobre o Gus Van Sant, que realizava excelentemente, ou sobre a estranheza do Inland Empire ou mesmo sobre o mau jeito de Kate Hudson para representar. Havia toda uma procura em ser-se mais sabedor sobre determinado filme ou em arranjar argumentos rápidos e inteligentes que conseguissem defender uma obra pessoalmente adorada. Essa mesma semana foi suficiente para haver segredos, conflitos, competições, más línguas, juízos de valor. Na sexta-feira, não tinha a certeza se conseguia dizer que tinha gostado. A vida lá na Escola?
A vida lá na Escola é cinzenta. Cinzenta como os corredores frios e vazios que atravessam todo aquele edifício. Cinzenta como o silêncio de quem por eles passa solitariamente. Cinzenta como os olhares distantes daqueles que não brincam durante os intervalos. Cinzenta como o fumo do tabaco de todos os que fumam constantemente nas pausas. Cinzenta como o pássaro morto há 3 semanas, que, lentamente, se decompõe nos vidros do tecto de um dos poucos corredores expostos à luz exterior. A vida lá na Escola não é a vida que eu esperava. Somos poucos para uma turma de faculdade - 34 - e, em vez de haver um ambiente familiar propício a conversas em volta de uma fogueira, existe um ambiente amargoso em que todos gritam salve-se quem puder! de forma discreta. Todos querem ser melhores que todos. Todos querem aperfeiçoar os seus trabalhos, fazendo o dobro ou, por vezes, o triplo daquilo que é pedido (imaginem as implicações a que este último remete). Todos querem brincar aos adultos.
Os alunos de Cinema pouco ou nada falam com os alunos de Teatro. Os alunos de Cinema pouco ou nada falam com os alunos de Cinema de anos diferentes. Os alunos de Cinema não têm tempo para actividades que os façam descansar (mas eles querem descansar?). Os alunos de Cinema não se divertem quando têm tempo. Os alunos de cinema acham estranho quem brinca quando tem tempo. Os alunos de cinema acham interessante e novo quem brinca quando tem tempo. Os alunos de cinema são fechados e nada extrovertidos.
Talvez seja a falta de espírito académico que faça aquela Escola ser tão cinzenta, apesar das suas paredes exteriores estarem brilhantemente pintadas de amarelo. Aquelas pessoas parecem ter pavor a tudo aquilo que se relacione com o espírito académico. Eu? Eu tenho dificuldades em viver ali. Entro às 9.30 e saio, na maioria dos dias, às 20h e nã0 tenho tempo para ter uma vida fora daquele lugar. A Escola exige demasiado da minha pessoa. Sinto-me integrado, obviamente, mas não sei se quero fazer parte daquele lugar e fazer daquilo a minha casa durante os próximos 3 anos. Se o fizer, preciso de me agarrar a alguma coisa dentro daquele mundo, que, ao mesmo tempo, me evada do mesmo.