domingo, setembro 23, 2007

:Má Educação



Numa altura em que a RTP aposta em patentear filmes de grande sucesso (como foi com "O Segredo de Brokeback Mountain"), foi ontem exibido o que considero ser o melhor filme de Pedro Almodóvar, "Má Educação", com o meu actor preferido, Gael García Bernal. Saibam a minha opinião, a seguir.

Dizem muitos ser esta película autobiográfica, baseada na infância de Almodóvar, e se for, acho que todos os elementos estão presentes para ver como o realizador espanhol bem mostrou a construção de um filme ajustado da vida real. Vencedor de inúmeros prémios, o filme tornou-se um fenómeno cultural, gerando imensa polémica no ano em que saiu (2004). O argumento do filme é, tenho de admitir, um dos mais complexos com que me deparei, pois a ficção e a realidade são misturadas, mas extraordinariamente chegamos ao fim com as dúvidas todas respondidas.
Espanha, anos 60. Ignacio e Enrique são dois rapazes que descobrem o amor um pelo outro num colégio religioso. No entanto, as suas vidas são separadas e o seu amor interrompido. 20 anos depois, Ignacio, agora actor, entra no escritório de Enrique, cineasta, com um argumento que conta a história dos dois…
Esta foi uma sinopse muito compreendida do que realmente é "Má Educação". Uma personagem não menos importante como o padre Manola (Giménez Cacho) juntou os ingredientes certos na sua personagem para que esta fosse a que mais polémica tivesse. A pedofilia está presente de uma maneira verdadeiramente arrepiante. Pelo amor surreal presente num triângulo de homens, não tenho a certeza se posso distinguir o filme como sendo apenas dramático. Gael García Bernal, depois de Amor Cão (de Inãrritu) e O Crime do Padre Amaro, trouxe consigo mais uma personagem que nunca iremos esquecer. Um aspecto importante a notar é a banda sonora, composta por Alberto Iglesias, que escreveu músicas que emocionam, pela posição que tomam ao longo de cenas índescritivelmente emocionantes. Nesta história, todas as personagens são os culpados das suas desditas, todos guardam e partilham segredos que ainda nos chocam pela sua densidade emocional e psicológica. É imperdível, um dos melhores filmes contemporâneos.
9/10